23.5.09

Advérbio interrogativo de causa

Ora aqui têm

      «Porque, pois, trás da sombra ides correndo,/Homens, que a luz no berço baptizara?» («Pater», Odes Modernas, Antero de Quental, edição fac-símile, Sá da Costa Editora, 2009, p. 71). Muito bom serviço à cultura e à língua portuguesas esta edição fac-símile, que reproduz outra que foi organizada, prefaciada e anotada por António Sérgio. Ora vejam, caros teimosos, como o advérbio interrogativo está grafado porque. Já tinha prometido a mim próprio não abordar esta questão, mas nem sempre conseguimos cumprir. Sim, é verdade, esta edição da Sá da Costa reproduz a de 1943. Querem ir mais para trás? Vamos! Na 1.ª edição: «Porque, pois, trás da sombra ides correndo,/Homens, que a luz no berço baptizára?» (Odes Modernas, Anthero do Quental. Coimbra: Imprensa da Universidade, 1865, p. 48). Lapso? Deixem-me rir! Outro exemplo da edição da Sá da Costa: «Porque morreu sem o eco de teus passos,/E de tua palavra (ó Verbo!) o som fremente?» («A um crucifixo», p. 141). Querem mais? Leiam a obra. Estudem. Vão dar uma volta.