Contracção, disse ele
«É natural: somos pequenos; temos os espanhóis aqui encostados a barrar-nos a passagem e, sempre que queremos dar uma voltinha sem o vexame de falar portinhol, puxa-nos para o mar» («Isto é tudo nosso», Miguel Esteves Cardoso, Público, 11.05.2009, p. 31). Claro que já antes tinha lido «portinhol», mas, sendo uma suposta amálgama de português + espanhol, pergunto a Miguel Esteves Cardoso, parafraseando-lhe uma frase: E aquele i — foi sacado de que pica? Ca ganda lata.
As amálgamas são casos especiais de composição em que a nova unidade resulta da combinação da parte de cada um dos dois termos que entram na formação. No caso, de português + espanhol só pode resultar portunhol. Já aqui falei de outra amálgama, spanglish. Recentemente, tomei conhecimento de outra, também no domínio da linguagem: «Dedica-se [a edição de Abril da revista La Recherche] sobretudo ao spanglish (espanhol-inglês) e ao globish (contracção de global english), para já não falar do francês e das suas derivações» («Línguas passadas e futuras», Miguel Calado Lopes, Única, 1.05.2009, p. 78).
«É natural: somos pequenos; temos os espanhóis aqui encostados a barrar-nos a passagem e, sempre que queremos dar uma voltinha sem o vexame de falar portinhol, puxa-nos para o mar» («Isto é tudo nosso», Miguel Esteves Cardoso, Público, 11.05.2009, p. 31). Claro que já antes tinha lido «portinhol», mas, sendo uma suposta amálgama de português + espanhol, pergunto a Miguel Esteves Cardoso, parafraseando-lhe uma frase: E aquele i — foi sacado de que pica? Ca ganda lata.
As amálgamas são casos especiais de composição em que a nova unidade resulta da combinação da parte de cada um dos dois termos que entram na formação. No caso, de português + espanhol só pode resultar portunhol. Já aqui falei de outra amálgama, spanglish. Recentemente, tomei conhecimento de outra, também no domínio da linguagem: «Dedica-se [a edição de Abril da revista La Recherche] sobretudo ao spanglish (espanhol-inglês) e ao globish (contracção de global english), para já não falar do francês e das suas derivações» («Línguas passadas e futuras», Miguel Calado Lopes, Única, 1.05.2009, p. 78).
4 comentários:
Tem toda a razão, Hélder! Obrigado pela emenda. Não volta a acontecer.
Não espero menos do melhor cronista português.
Como leitor do Assim Mesmo, que encontrou o equilíbrio mais elegante de abertura e correcção, dou comigo a pensar na origem dos meus erros e dos dislates. "Portunhol" é um neologismo perfeito, que já tem eco em antologias musicais e literárias. Foi bem acolhido pelos brasileiros e tem conseguido criar laços genuínos entre os sul-americanos de espírito livre, sem complexos acerca da pureza das proveniências. Porque pensei e escrevi "portinhol"? Como é que o U deu em I? Será do portinho da Arrábida? Será do porteño argentino? Será da ressonância de porta/portinha entre as duas casas linguísticas?
Pois pensei muito nestas coisas, Helder (e desculpe o acento com que o brindei no primeiro comentário) e cheguei à triste conclusão que foi falta de atenção e ignorância. O seu blog é muito eficaz, porque ensina sem se vangloriar (ou marcar pontos). É raro e é a razão por que tantos jornalistas e escritores o seguem.
Um abraço forte,
Miguel
Muito obrigado pelas suas palavras, Miguel.
Um abraço
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