14.5.09

Léxico: «viril»

Não é de homem

«Os especialistas estavam sobretudo preocupados com o facto de o viril, elemento fundamental para a sustentação da peça, estar partido e de as figuras que a compõem — 12 apóstolos, Deus Pai, os anjos músicos, a virgem Maria e a pomba simbolizando o Espírito Santo —, decoradas com ouro e esmalte policromado (parte dele a destacar-se), estarem cobertas por uma estranha e fina poeira. […] Estas figuras encontram-se na segunda e terceira partes da custódia, digamos assim, peça que se divide em três zonas distintas: a base, onde se encaixa a haste, decorada com esferas armilares, a divisa de D. Manuel; o corpo central, onde está o viril destinado à hóstia, rodeado pelos 12 apóstolos; e, finalmente, o duplo baldaquino do gótico final, marcado pela figura de Deus Pai sentado numa cadeira, segurando também ele uma esfera armilar, e pela pomba que simboliza o Espírito Santo» («Custódia de Belém», Lucinda Canelas, Público/P2, 12.05.2009, p. 4).
Faz-me lembrar a história, real, de uma pessoa conhecida, nova-rica, muito orgulhosa do «vidral» que tinha mandado pôr a encimar a porta da entrada da moradia. Os conhecidos troçavam dela nas costas, mal sabendo que «vidral» também é uma forma admissível de nos referirmos ao «vitral». Por analogia, é claro, com «vidro», mas na realidade «vitral» tem como étimo o francês vitrail. Quanto a viril, é a âmbula ou redoma de vidro onde se guardam relíquias e outros objectos de estimação, e deriva provavelmente de vidril (vidro+-il).

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