4.5.09

«Provocante» e «provocador»

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Quem é que nunca se pergunta, no momento em que escreve ou lê, se existe alguma diferença entre «provocante» e «provocador»? A consulta dos corpora de português comprovam, e suponho que é esta a ideia partilhada pela maioria dos falantes, um predomínio do uso do adjectivo «provocante» em contextos com uma conotação vagamente sexual ou erótica. Fala-se de requebros, pose, minissaia, decote, andar, sorriso, voz, olhar provocantes. Sempre da mulher. E fala-se de anúncios, filmes, livros, linguagem, títulos provocantes. Mas também se vêem sorrisos e comportamentos provocadores, mostrando-se intermutável. Mas há locuções fixas, como agente provocador. «Provocante», é claro, é só adjectivo. Veja-se esta frase de Fernando Venâncio, um prosador exímio e provoca…: «O livro [Com os Holandeses, publicado agora pela Quetzal] de Rentes (hoje com 14 edições, uma delas de bolso) tinha a tradução impecável do lusitanista August Willemsen e vinha revelar um prosador exímio e provocante» («Um meridional nos Países Baixos», Fernando Venâncio, Actual, 18.04.2009, p. 18).

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