É uma bica e um dicionário
A jornalista do Público Sandra Silva Costa cometeu a duvidosa proeza de escrever uma reportagem, «Espírito Santo. O Divino sai à rua — e as melhores roupas também» (P2, 7.06.2009, pp. 4–7), sobre a festa do Espírito Santo nos Açores em que usou seis vezes a palavra «império» sem nunca explicar do que se trata. O leitor, que já é crescidinho, que se desenrasque. Vá lá, façam qualquer coisa, que a senhora jornalista tem mais que fazer. Em três páginas inteiras de texto, não tivemos mais que aproximações: «De um dos lados, atrás da fila de carros de bois, está uma pequena capelinha branca debruada a cor-de-rosa. É um Império do Espírito Santo e foi construído em 1894.» Sim, mas o que são «impérios»? «Nos Açores, explica Rui Costa, o culto ao Divino gira em torno dos impérios — e só na Terceira são mais de 60, aos quais correspondem outras tantas irmandades.» Sim, mas o que são «impérios»? «São oito domingos em que há coroações, sendo que os dois últimos domingos são os do bodo, que se distinguem dos outros porque a irmandade responsável pelo império em causa oferece pão a toda a comunidade.» Sim, mas o que são «impérios»? «Agora que a procissão acabou, o padre da freguesia dirige-se para o império — o feno verdinho espalhado pelo chão dá-lhe um agradável aroma campestre.» Sim, mas o que são «impérios»? «O primeiro império dos Açores data de 1670 e a manutenção, ainda hoje, de tradições como o abate de animais revela que o culto “tem um fundo judaico muito forte”.» Sim, mas o que são «impérios»? «E chegamos ao bolo: “A organização das irmandades é um exemplar valiosíssimo de uma forma de democracia que tem funcionado em pleno”, entende Antonieta Costa, que, entre 2000 e 2003, coordenou a candidatura dos impérios dos Açores a património cultural imaterial da UNESCO.» Sim, mas o que são «impérios»?
O Dicionário Houaiss explica que é o «recinto (coreto, capela ou ermida de madeira ou de pedra) onde se expõe a coroa do Espírito Santo no Domingo de Pentecostes; arraial por ocasião dessas festividades». Fica-se igualmente a saber que, por metonímia, é, nos Açores, o nome que se dá «ao conjunto de festejos em honra do Divino Espírito Santo». Para agravar a culpa da jornalista, o termo é usado no texto nestes dois sentidos.
A jornalista do Público Sandra Silva Costa cometeu a duvidosa proeza de escrever uma reportagem, «Espírito Santo. O Divino sai à rua — e as melhores roupas também» (P2, 7.06.2009, pp. 4–7), sobre a festa do Espírito Santo nos Açores em que usou seis vezes a palavra «império» sem nunca explicar do que se trata. O leitor, que já é crescidinho, que se desenrasque. Vá lá, façam qualquer coisa, que a senhora jornalista tem mais que fazer. Em três páginas inteiras de texto, não tivemos mais que aproximações: «De um dos lados, atrás da fila de carros de bois, está uma pequena capelinha branca debruada a cor-de-rosa. É um Império do Espírito Santo e foi construído em 1894.» Sim, mas o que são «impérios»? «Nos Açores, explica Rui Costa, o culto ao Divino gira em torno dos impérios — e só na Terceira são mais de 60, aos quais correspondem outras tantas irmandades.» Sim, mas o que são «impérios»? «São oito domingos em que há coroações, sendo que os dois últimos domingos são os do bodo, que se distinguem dos outros porque a irmandade responsável pelo império em causa oferece pão a toda a comunidade.» Sim, mas o que são «impérios»? «Agora que a procissão acabou, o padre da freguesia dirige-se para o império — o feno verdinho espalhado pelo chão dá-lhe um agradável aroma campestre.» Sim, mas o que são «impérios»? «O primeiro império dos Açores data de 1670 e a manutenção, ainda hoje, de tradições como o abate de animais revela que o culto “tem um fundo judaico muito forte”.» Sim, mas o que são «impérios»? «E chegamos ao bolo: “A organização das irmandades é um exemplar valiosíssimo de uma forma de democracia que tem funcionado em pleno”, entende Antonieta Costa, que, entre 2000 e 2003, coordenou a candidatura dos impérios dos Açores a património cultural imaterial da UNESCO.» Sim, mas o que são «impérios»?
O Dicionário Houaiss explica que é o «recinto (coreto, capela ou ermida de madeira ou de pedra) onde se expõe a coroa do Espírito Santo no Domingo de Pentecostes; arraial por ocasião dessas festividades». Fica-se igualmente a saber que, por metonímia, é, nos Açores, o nome que se dá «ao conjunto de festejos em honra do Divino Espírito Santo». Para agravar a culpa da jornalista, o termo é usado no texto nestes dois sentidos.
1 comentário:
Muito bem apanhado! Nunca teria descoberto! Essa jornalista deve ser fina como um coral!
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