Bom critério
Na sua crónica de 7 do corrente, escrevia o provedor do leitor do jornal Público: «Encontrando-se o provedor (não nestas funções) a dialogar, meses atrás, com o músico espanhol Paco Ibañez para lhe preparar uma entrevista, foi em certo ponto surpreendido pelo interlocutor com uma sucessão de impropérios no mais puro vernáculo castelhano, proferidos em estado de grande agitação. Demorou alguns segundos até o provedor perceber que tão explosiva reacção se devera ao facto de ter usado a sigla inglesa “OK”. O cantor de protesto protestava contra esta “submissão” linguística ao “imperialismo americano”, em termos tão vivos que chegou a ameaçar não conceder a entrevista. Não havia equivalente em português? Sim, o “está bem” (mas quem é que hoje entre nós diz “está bem” quando tem à mão o mais sintético e eficaz “OK”?)» («Que língua fala o Público?», Joaquim Vieira, Público, 7.06.2009, p. 39).
Bem, eu nunca digo «OK», mas talvez porque, ao contrário de Joaquim Vieira, não tenho o inglês como segunda língua. Também lhe posso dizer que «OK» não é uma sigla. Continua o provedor: «É inevitável que muitos estrangeirismos venham a ser adoptados pela língua portuguesa, quando a sua utilização estiver mais ou menos massificada, e que os media incorporem logicamente pelo menos alguns deles na sua linguagem antes de os filólogos os acrescentarem aos dicionários. Por isso, não fará sentido, como propõe o leitor Odílio Lopes, vasculhar o vocabulário tradicional para dizer “roupa íntima” em vez de “lingerie”, “fígado gordo” em vez de “foie-gras” ou até mesmo “passagem de ano” em vez de “réveillon” (ou ainda, como impunha Paco Ibañez, “está bem” em vez de “OK”), tudo expressões a caírem em desuso no português.» Não apenas não me parece que os filólogos sejam os especialistas mais indicados, como em relação a «passagem de ano» e «réveillon» não é isso que vejo, antes diria o contrário. E mais: habitualmente, o termo francês é incorrectamente grafado sem acento.
Um critério do provedor, sobretudo se for verdadeiro e seguido, me agrada: «No seu caso, o provedor, ao redigir um texto, costuma pensar: “Será que os meus pais vão perceber o que escrevi?” (para esta crónica, se não desistirem a meio, vão seguramente necessitar de recorrer com muita intensidade aos dicionários). Tudo o que pode pois recomendar aos jornalistas do PÚBLICO é que tenham idêntica atitude.»
Na sua crónica de 7 do corrente, escrevia o provedor do leitor do jornal Público: «Encontrando-se o provedor (não nestas funções) a dialogar, meses atrás, com o músico espanhol Paco Ibañez para lhe preparar uma entrevista, foi em certo ponto surpreendido pelo interlocutor com uma sucessão de impropérios no mais puro vernáculo castelhano, proferidos em estado de grande agitação. Demorou alguns segundos até o provedor perceber que tão explosiva reacção se devera ao facto de ter usado a sigla inglesa “OK”. O cantor de protesto protestava contra esta “submissão” linguística ao “imperialismo americano”, em termos tão vivos que chegou a ameaçar não conceder a entrevista. Não havia equivalente em português? Sim, o “está bem” (mas quem é que hoje entre nós diz “está bem” quando tem à mão o mais sintético e eficaz “OK”?)» («Que língua fala o Público?», Joaquim Vieira, Público, 7.06.2009, p. 39).
Bem, eu nunca digo «OK», mas talvez porque, ao contrário de Joaquim Vieira, não tenho o inglês como segunda língua. Também lhe posso dizer que «OK» não é uma sigla. Continua o provedor: «É inevitável que muitos estrangeirismos venham a ser adoptados pela língua portuguesa, quando a sua utilização estiver mais ou menos massificada, e que os media incorporem logicamente pelo menos alguns deles na sua linguagem antes de os filólogos os acrescentarem aos dicionários. Por isso, não fará sentido, como propõe o leitor Odílio Lopes, vasculhar o vocabulário tradicional para dizer “roupa íntima” em vez de “lingerie”, “fígado gordo” em vez de “foie-gras” ou até mesmo “passagem de ano” em vez de “réveillon” (ou ainda, como impunha Paco Ibañez, “está bem” em vez de “OK”), tudo expressões a caírem em desuso no português.» Não apenas não me parece que os filólogos sejam os especialistas mais indicados, como em relação a «passagem de ano» e «réveillon» não é isso que vejo, antes diria o contrário. E mais: habitualmente, o termo francês é incorrectamente grafado sem acento.
Um critério do provedor, sobretudo se for verdadeiro e seguido, me agrada: «No seu caso, o provedor, ao redigir um texto, costuma pensar: “Será que os meus pais vão perceber o que escrevi?” (para esta crónica, se não desistirem a meio, vão seguramente necessitar de recorrer com muita intensidade aos dicionários). Tudo o que pode pois recomendar aos jornalistas do PÚBLICO é que tenham idêntica atitude.»
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