19.7.09

Cores (I)

Quase catálogo

«Não senti raspas de contrariedade quando se aproximou um rapaz, todo de amarelo-torrado, que deduzi ser o namoradinho em exercício» (Primeiro as Senhoras, Mário Zambujal, p. 30).
«Os seus quadros, cuja boina original era castanha, usam agora uma de cor verde-seco» («Forças Armadas portuguesas têm quatro forças especiais», Diário de Notícias, 18.4.2008, p. 7).
«Caminhamos seis horas por trilhos intocados. Atravessamos pontes suspensas, a mais alta a setenta metros do rio, um rio azul-cobalto, o maior e mais caudaloso do Nepal, que serpenteia o vale e agarra a cordilheira num longo abraço» («Nos Himalaias com João Garcia», Tiago Salazar, Notícias Sábado, 9.05.2009, p. 19).
«A noite estava macia e o céu era de um escuro azul-safira sobre os reflexos opalinos do mar de Cascais que marulhava preguiçosamente» (Morte no Retrovisor, Vasco Graça Moura, pp. 46-47).
«Aproximando o cigarro da chama, ela pôs em concha as mãos de dedos longos e unhas pintadas de um vermelho-vivo» (Morte no Retrovisor, Vasco Graça Moura, p. 56).
«Marcou a gola alta com uma larga pincelada vermelho-escura» (Morte no Retrovisor, Vasco Graça Moura, p. 238).
«São grenás, já o dissemos, e têm bordadas a coroa e uma pomba branca» («Espírito Santo. O Divino sai à rua — e as melhores roupas também», Sandra Silva Costa, Público/P2, 7.06.2009, p. 5).
«Uma colcha azul-damasco com franjas, a primeira fronha e a roupa que usou em bebé, bordados pela mãe, testemunham a infância» («Espólio antecipa regresso de Jorge de Sena», João Céu e Silva, Diário de Notícias, 18.06.2009, p. 29).
«Não daqueles em que o mamilo é como uma teta, mas sim grande, rosa-acastanhado-claro, que é tão excitante» (O Animal Moribundo, Philip Roth. 3.ª edição. Tradução de Fernanda Pinto Rodrigues e revisão de Manuela V. C. Gomes da Silva. Lisboa: Publicações Dom Quixote, 2008, p. 32).
«Parava à frente de uma pessoa, pequena como era, com as pernas ligeiramente afastadas, especada, cheia de sardas, o cabelo louro curto, sem qualquer maquilhagem a não ser bâton vermelho-vivo, e o seu grande sorriso confessional: é isto que eu sou, é isto que eu faço, se não gostas, paciência» (O Animal Moribundo, Philip Roth. 3.ª edição. Tradução de Fernanda Pinto Rodrigues e revisão de Manuela V. C. Gomes da Silva. Lisboa: Publicações Dom Quixote, 2008, p. 48).
«Carolyn ainda era bonita, com feições radiantemente grandes, embora, por baixo dos olhos cinzento-claros, as órbitas a puxar para o grande parecessem diáfanas e fatigadas, não tanto, achei, por causa da sua insónia crónica, mas sim devido àquela mistura de decepções que não é rara nas biografias de mulheres profissionais bem-sucedidas na casa dos quarenta, cujas refeições nocturnas lhes são com frequência entregues à porta dos seus apartamentos em Manhattan, numa embalagem de plástico, por um imigrante» (O Animal Moribundo, Philip Roth. 3.ª edição. Tradução de Fernanda Pinto Rodrigues e revisão de Manuela V. C. Gomes da Silva. Lisboa: Publicações Dom Quixote, 2008, p. 47).
«Dissimulado entre a erva alta, bem camuflado na sua pelagem castanho-acinzentada, um coelho-bravo pasta calmamente, mas sempre atento aos predadores» («A fuga aos ziguezagues da extinção», Mariana Correia de Barros, Diário de Notícias, 26.07.2009, p. 60).

1 comentário:

Paulo Araujo disse...

Não existe, por exemplo, no português, uma palavra única para exprimir o conceito de "cor de romã". Bastaria, então, ir aos verbetes 'cor' e 'romã' do dicionário, para encontrar, no seu campo final (NOÇÃO DE), a relação de elementos utilizáveis no início e no fim da nova palavra com as noções de 'cor',crom(o)- e 'romã',punic-. Bastaria,assim, juntar, o antepositivo 'punic-' com o pospositivo '-cromo', para criar corretamente uma palavra que signifique 'da cor da romã': punicromo.
(Dic. Houaiss, Detalhamento dos Vernetes, Campo da Onomasiologia).