1.7.09

O elemento «neo-»

É confusão

      «Com este antigo deputado nascido na Colômbia, voltam as ideias neo-liberais do ex-presidente Carlos Menem, de quem Narvaez foi financeiro» («O milionário ruivo que beneficiou do voto anti-Kirchner», Helena Tecedeiro, Diário de Notícias, 30.06.2009, p. 22). Helena Tecedeiro, uma das mais cuidadosas jornalistas que temos, queria escrever «neoliberais» e «Narváez». O elemento de formação de palavras neo- liga-se por hífen ao elemento seguinte quando este começa por vogal, h, r ou s. Quanto a «financeiro», ocorreu-me logo que pudesse ser má tradução do espanhol, mas não, o nosso substantivo «financeiro» também tem a acepção de «banqueiro» e não apenas o de «indivíduo versado na ciência das finanças», único significado do espanhol: «Persona versada en la teoría o en la práctica de estas mismas materias», o que remete para o adjectivo: «Perteneciente o relativo a la Hacienda pública, a las cuestiones bancarias y bursátiles o a los grandes negocios mercantiles» (in DRAE). De Narváez não é banqueiro: apoiou financeiramente, em 2003, a campanha de Carlos Menem.
      No Público, lia-se: «Narváez é um milionário de 55 anos que tem sido associado ao regresso das ideias neoliberais do antigo Presidente Carlos Ménem» («Derrota eleitoral põe em causa a “dinastia Kirchner”», Isabel Gorjão Santos, Público, 30.06.2009, p. 15). Neste texto, foi o nome de Menem que saiu errado.

5 comentários:

Anónimo disse...

Então a palavra mais adequada é «financiador», certo?

Helder Guégués disse...

Foi isso que Narváez fez: financiou a campanha de Menem. Por isso, sim, «financiador».

Anónimo disse...

A generalidade da imprensa argentina (e não só) refere-se a este senhor (Francisco de Narváez) como «de Narváez» e não apenas como «Narváez».

Anónimo disse...

Sí, es cierto: salvaguardando las distancias (políticas, históricas, geográficas, etc.) entre los dos personajes, a nadie se le ocurriria citar a Charles de Gaulle como "Gaulle".

Helder Guégués disse...

A imprensa brasileira, mais próxima e porventura mais atenta, escreve De Narváez.