Será evidente?
Se o confundimento confunde, as evidências anglo-saxónicas deixam-nos sempre de pé atrás. Na tal obra, usa-se vinte vezes a expressão medicina baseada na evidência e 158 (!) o vocábulo evidência. Encontrei aqui um texto, «Acerca da “medicina baseada na evidência», datado de 2005, da autoria do médico A. J. Barros Veloso, que esclarece quando começou a ser usada em Portugal a expressão: «Foi há mais ou menos dez anos que a expressão “medicina baseada na evidência” surgiu no vocabulário médico português pela mão de um pequeno grupo de médicos com fortes ligações à cultura anglo-saxónica. Pretendia-se com isso valorizar um tipo de prática clínica caracterizada pela “utilização conscienciosa, explícita e criteriosa da evidência clínica actualizada” [Carneiro, A. V. A medicina baseada na evidência. Medicina Interna, 1998; 5: 133] e anunciava-se sem qualquer hesitação o nascimento de “um novo paradigma”. […] Evidence-based medicine foi a expressão anglo-saxónica que se travestiu para português em “medicina baseada na evidência”. Os mentores deste “novo paradigma” (que para facilitar chamarei “evidencistas”) consideram que “evidência” é sinónimo de “prova científica” obtida através de ensaios clínicos controlados aleatórios ou das chamadas meta-análises. Com isto pretendem dizer-nos duas coisas: que a “medicina baseada na evidência” estabelece uma clara fronteira entre o que é e não é “medicina científica” e que a ciência possui um método próprio que permite obter “evidências”. Contudo, a palavra “evidência” tem, neste contexto, um significado ambíguo que se presta às maiores confusões. Por outro lado[,] não é líquido que a “medicina baseada na evidência” seja o único fundamento científico da medicina clínica.» Os dicionários da língua portuguesa, entretanto, continuam a registar que a evidência é a «qualidade de evidente; noção clara; certeza manifesta», e não «something that furnishes proof». Mesmo evidência como sinónimo de indício e este a significar prova só em determinadas áreas.
Se o confundimento confunde, as evidências anglo-saxónicas deixam-nos sempre de pé atrás. Na tal obra, usa-se vinte vezes a expressão medicina baseada na evidência e 158 (!) o vocábulo evidência. Encontrei aqui um texto, «Acerca da “medicina baseada na evidência», datado de 2005, da autoria do médico A. J. Barros Veloso, que esclarece quando começou a ser usada em Portugal a expressão: «Foi há mais ou menos dez anos que a expressão “medicina baseada na evidência” surgiu no vocabulário médico português pela mão de um pequeno grupo de médicos com fortes ligações à cultura anglo-saxónica. Pretendia-se com isso valorizar um tipo de prática clínica caracterizada pela “utilização conscienciosa, explícita e criteriosa da evidência clínica actualizada” [Carneiro, A. V. A medicina baseada na evidência. Medicina Interna, 1998; 5: 133] e anunciava-se sem qualquer hesitação o nascimento de “um novo paradigma”. […] Evidence-based medicine foi a expressão anglo-saxónica que se travestiu para português em “medicina baseada na evidência”. Os mentores deste “novo paradigma” (que para facilitar chamarei “evidencistas”) consideram que “evidência” é sinónimo de “prova científica” obtida através de ensaios clínicos controlados aleatórios ou das chamadas meta-análises. Com isto pretendem dizer-nos duas coisas: que a “medicina baseada na evidência” estabelece uma clara fronteira entre o que é e não é “medicina científica” e que a ciência possui um método próprio que permite obter “evidências”. Contudo, a palavra “evidência” tem, neste contexto, um significado ambíguo que se presta às maiores confusões. Por outro lado[,] não é líquido que a “medicina baseada na evidência” seja o único fundamento científico da medicina clínica.» Os dicionários da língua portuguesa, entretanto, continuam a registar que a evidência é a «qualidade de evidente; noção clara; certeza manifesta», e não «something that furnishes proof». Mesmo evidência como sinónimo de indício e este a significar prova só em determinadas áreas.
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