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Caixa de pirolitos
O editor-chefe não queria desconfiar, claro, mas preferiu ver com os próprios olhos como se escrevia «pirolito». Com o, com u? Confessou depois que antes de perguntar tinha consultado a Wikipédia (muito popular ali), e que só aparecia com u: o pirulito, chupa-chupa, dos Brasileiros. O pirolito era uma bebida gasosa (continha água, ácido cítrico e gás carbónico) e a garrafa tinha a particularidade de possuir no interior uma esfera de vidro, um berlinde, que servia de tampa, pois não tinha nem rolha nem cápsula. Nem rótulo! Na década de 1950, porém, os fabricantes de pirolitos foram obrigados por lei a introduzir melhoramentos e a acatar outras exigências sanitárias, tendo então sido considerado prejudicial para a saúde pública o uso deste sistema de fecho, o que levou ao encerramento de muitas fábricas, e havia várias fábricas em todo o País.
Porquê, e isto é o que mais nos interessa, com o e não com u? Por tradição, por ser esse o uso. O que os lexicógrafos sabem é que a origem do vocábulo «pirolito» é obscura, provindo talvez de «pirlito», forma epentética de «pilrito». Por causa do sabor ácido? Não sei. E, a propósito, estranho a conta em que se tem o pilrito, um fruto vermelho e globoso, no adagiário: Pilriteiro, dás pilritos/Porque não dás coisa boa?/Cada qual dá o que tem/Conforme a sua pessoa. É que antigamente a polpa dos pilritos era usada, depois de seca e moída, para misturar na farinha com que se fazia o pão, o caroço chegou a ser utilizado, depois de torrado, como substituto do café, as flores eram consumidas em saladas e em tisanas cardiotonificantes (ah!, sim, apropriei-me agora do termo, que a língua italiana tem) e ainda hoje se fabrica licor de pilrito. Até a madeira, rija e resistente, do pilriteiro (Crataegus monogyna) é boa, tendo sido antigamente usada nos cepos dos suplícios, e ainda hoje é utilizada no Barlavento algarvio como cavalo nas podas de pereiras, nespereiras e outras árvores de fruto da família a que pertence (as Rosáceas, família botânica a que pertencem espécies como as macieiras, as ameixeiras, os pessegueiros, etc.).
Caixa de pirolitos
O editor-chefe não queria desconfiar, claro, mas preferiu ver com os próprios olhos como se escrevia «pirolito». Com o, com u? Confessou depois que antes de perguntar tinha consultado a Wikipédia (muito popular ali), e que só aparecia com u: o pirulito, chupa-chupa, dos Brasileiros. O pirolito era uma bebida gasosa (continha água, ácido cítrico e gás carbónico) e a garrafa tinha a particularidade de possuir no interior uma esfera de vidro, um berlinde, que servia de tampa, pois não tinha nem rolha nem cápsula. Nem rótulo! Na década de 1950, porém, os fabricantes de pirolitos foram obrigados por lei a introduzir melhoramentos e a acatar outras exigências sanitárias, tendo então sido considerado prejudicial para a saúde pública o uso deste sistema de fecho, o que levou ao encerramento de muitas fábricas, e havia várias fábricas em todo o País.
Porquê, e isto é o que mais nos interessa, com o e não com u? Por tradição, por ser esse o uso. O que os lexicógrafos sabem é que a origem do vocábulo «pirolito» é obscura, provindo talvez de «pirlito», forma epentética de «pilrito». Por causa do sabor ácido? Não sei. E, a propósito, estranho a conta em que se tem o pilrito, um fruto vermelho e globoso, no adagiário: Pilriteiro, dás pilritos/Porque não dás coisa boa?/Cada qual dá o que tem/Conforme a sua pessoa. É que antigamente a polpa dos pilritos era usada, depois de seca e moída, para misturar na farinha com que se fazia o pão, o caroço chegou a ser utilizado, depois de torrado, como substituto do café, as flores eram consumidas em saladas e em tisanas cardiotonificantes (ah!, sim, apropriei-me agora do termo, que a língua italiana tem) e ainda hoje se fabrica licor de pilrito. Até a madeira, rija e resistente, do pilriteiro (Crataegus monogyna) é boa, tendo sido antigamente usada nos cepos dos suplícios, e ainda hoje é utilizada no Barlavento algarvio como cavalo nas podas de pereiras, nespereiras e outras árvores de fruto da família a que pertence (as Rosáceas, família botânica a que pertencem espécies como as macieiras, as ameixeiras, os pessegueiros, etc.).
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