Cartas ao director
Entre as cartas ao director, rubrica fixa de todos os jornais, há-as edificantes e desedificantes e as que não adiantam nem atrasam, mas que os jornais, quem sabe se por incapacidade, decidem publicar. Cá está uma desta última espécie, assinada por Américo Ponces, de Coimbra: «Conta-se que o poeta Gomes Leal respondia ao reproche dos que o criticavam, por nem sempre respeitar a gramática, com a seguinte interrogação: ”Quem é que manda no que é meu, / É a gramática, ou sou eu…? Correndo o risco de ouvir qualquer coisa semelhante, atrevo-me ainda assim a comentar contigo, leitor amigo, uma frase que li há tempo, num livro muito badalado e que me soou mal. Ei-la: “Tudo acaba, porém, tudo tem o seu termo…” A minha dúvida é a seguinte: o que faz uma conjunção adversativa, “porém”, ali entalada entre duas vírgulas, no meio de duas afirmações que vão no mesmo sentido? Só encontro uma explicação. O autor narrador quis ter a certeza de que o estávamos a ler com atenção e não apenas por ler. Já agora, amigo leitor, para não perderes o teu tempo, sempre te digo, que o reproche existe mesmo, no nosso dicionário. Há-de ter sobrado das invasões francesas. Encontrei-o já, pelo menos, duas vezes. No Esaú e Jacó de Machado de Assis e em A Caverna de José Saramago» («Gomes Leal e a gramática», Público, 9.12.2009, p. 34).
Qual é o problema da frase? Reescrevo-a, trocando a conjunção, e continuará a ter o mesmíssimo sentido, para ver se o leitor ainda afirma que está incorrecta: «Todavia, tudo acaba, tudo tem o seu termo…» Entretanto, chegarão às redacções cartas que poderiam contribuir para o esclarecimento de determinadas questões e os jornais recusam-se a publicá-las. Esta, com disparates e erros de pontuação, impingem-no-la com toda a desfaçatez.
Entre as cartas ao director, rubrica fixa de todos os jornais, há-as edificantes e desedificantes e as que não adiantam nem atrasam, mas que os jornais, quem sabe se por incapacidade, decidem publicar. Cá está uma desta última espécie, assinada por Américo Ponces, de Coimbra: «Conta-se que o poeta Gomes Leal respondia ao reproche dos que o criticavam, por nem sempre respeitar a gramática, com a seguinte interrogação: ”Quem é que manda no que é meu, / É a gramática, ou sou eu…? Correndo o risco de ouvir qualquer coisa semelhante, atrevo-me ainda assim a comentar contigo, leitor amigo, uma frase que li há tempo, num livro muito badalado e que me soou mal. Ei-la: “Tudo acaba, porém, tudo tem o seu termo…” A minha dúvida é a seguinte: o que faz uma conjunção adversativa, “porém”, ali entalada entre duas vírgulas, no meio de duas afirmações que vão no mesmo sentido? Só encontro uma explicação. O autor narrador quis ter a certeza de que o estávamos a ler com atenção e não apenas por ler. Já agora, amigo leitor, para não perderes o teu tempo, sempre te digo, que o reproche existe mesmo, no nosso dicionário. Há-de ter sobrado das invasões francesas. Encontrei-o já, pelo menos, duas vezes. No Esaú e Jacó de Machado de Assis e em A Caverna de José Saramago» («Gomes Leal e a gramática», Público, 9.12.2009, p. 34).
Qual é o problema da frase? Reescrevo-a, trocando a conjunção, e continuará a ter o mesmíssimo sentido, para ver se o leitor ainda afirma que está incorrecta: «Todavia, tudo acaba, tudo tem o seu termo…» Entretanto, chegarão às redacções cartas que poderiam contribuir para o esclarecimento de determinadas questões e os jornais recusam-se a publicá-las. Esta, com disparates e erros de pontuação, impingem-no-la com toda a desfaçatez.
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