12.1.10

Acordo ortográfico

Falaciosa comparação


      Era de esperar: José Mário Costa respondeu a algumas críticas (apesar da propalada articulação entre a blogosfera e a imprensa, somente a duas cartas de leitores e ao artigo de Francisco Miguel Valada) ao seu artigo no Público. O título já diz alguma coisa do que pretende demonstrar: «Ainda a falaciosa comparação entre o inglês e o português». Um ponto, o 3, nos interessa: «Para o inglês, não há uma autoridade para a língua, como são as academias para o francês, para o espanhol ou para o português (em Portugal e no Brasil)? A verdade é que ela é exercida na fixação também das suas normas gráficas, cuja padronização cabe aos grandes dicionários de referência, desde o de Samuel Johnson — publicado em 1755 — até aos dos nossos dias. É o caso do Oxford English Dictionary, fruto da intervenção de uma editora em íntima ligação com o mundo académico, que hoje incorpora as variantes ortográficas do inglês dos Estados Unidos» (12.1.2010, p. 29).
      Na falta dessa intervenção, como acontece em Portugal (e é um dos pontos da minha argumentação no debate que mantenho com o filósofo Desidério Murcho), terá de ser a lei a estabelecer a norma. Mesmo que, depois — naturalmente! —, pelas lacunas que esta apresente, ganhe legitimidade uma prática praeter legem, e, pelas contradições, mesmo contra legem. É o que se fez até hoje na vigência do Acordo Ortográfico de 1945.

[Post 3007]

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