31.1.10

Homília/homilia

Corria o ano de 2007


      «Folheadas as mais de 400 páginas do volume no qual o bispo do Funchal reuniu as suas homílias, mensagens e entrevistas de dois anos à frente da diocese, não se encontram denúncias nem sobressaltos com a carga e o simbolismo das proferidas pelo cónego Manuel Martins» («Em nome do Pai, do filho e de... Jardim?», Miguel Carvalho, Visão, n.º 880, 14.1.2010, p. 44).
      E quatro vezes assim escreve Miguel Carvalho — e bem. Como teria escrito bem se tivesse escrito homilia. São variantes, e se esta última é mais usada, tanto na oralidade como na escrita, nada temos a criticar. Na maior parte dos casos, a opção por uma ou por outra deriva somente do gosto pessoal. Há mais variantes prosódicas, como se sabe. Clítoris e clitóris, por exemplo. (Que até tem outra variante, se bem que não prosódica: clitóride.) Algumas variantes não estão registadas nos dicionários, e é pena. Num texto, «Prazeres da língua — 3 (com a devida vénia ao canal, o Odisseia)», publicado por Valupi em Janeiro de 2007 no blogue Aspirina B, podia ler-se: «Falamos de um documentário científico acerca do clítoris. Ou do clitóris, como se grafa no livro A História Íntima do Orgasmo, de Jonathan Margolis, em tradução de Fernando Dias Antunes.» Não se vislumbra — ou será que se vislumbra? — uma ponta de crítica ou de ironia no reparo de Valupi. Fui eu o revisor daquela obra e optei por deixar a acentuação por que Fernando Dias Antunes se decidira — tanto mais que é, ainda hoje, a que me parece ser mais usada.

[Post 3077]

2 comentários:

Valupi disse...

Helder, só para esclarecer que o texto é da minha autoria. Por razões de erro do sistema, tinha a indicação de ter sido publicado pelo Fernando (porém, na minha "categoria"). Já corrigi.

Lamento retirar o prestígio e brilhantismo do Venâncio de cena, trocando-o por um escriba tão humilde, mas até para defender o Fernando impunha-se o esclarecimento.

Já agora, também no meu círculo social se grafa "clitóris".

Abraço

Helder Guégués disse...

Caro Valupi,
Quando o texto foi publicado, também fiquei com a ideia de que o texto não era do Fernando Venâncio, mas agora, verificando melhor, concluí, perante a assinatura, que tinha visto mal. «Clitóris», pois claro.
Um abraço,
Helder Guégués