9.1.10

Ortografia: «subsidiodependente»

Vão-se escoando os anos


      «Há quem fale de subsídiodependentes. E quem defenda que é preciso acabar com o estereótipo do beneficiário preguiçoso. Há mais de 380 mil pessoas a receber uma prestação destinada a atenuar a pobreza. Sete mil estão em formação, com os olhos no mercado de trabalho. Vítor, ex-ajudante de construção civil, está a aprender jardinagem» («Rendimento Social de Reinserção. Aprender pode ajudar, mas não faz milagres», Ana Cristina Pereira, P2/Público, 9.1.2010, p. 4).
      Já aqui o escrevi uma vez: nunca o acento gráfico (e a sílaba tónica) pode recuar para lá da pré-antepenúltima sílaba. E esta já é uma excepção à designada «janela de três sílabas». Já temos sorte que a jornalista não tenha usado hífen — *subsídio-dependente —, como se vê muito. Não tem, parece-me, qualquer dificuldade: segundo o Acordo Ortográfico de 1945, a regra geral na composição de palavras é a aglutinação dos seus componentes. Logo, eurozona, subsidiodependência, subsidiodependente...
      O Acordo Ortográfico de 1990 não veio mudar significativamente, nesta questão do emprego do hífen nos compostos, locuções e encadeamentos vocabulares, o que fora estatuído em 1945, e a própria Nota Explicativa do acordo o realça. O período de transição, contudo, é de seis anos, tempo que seria suficiente se entretanto fosse publicado o vocabulário ortográfico comum. Realço «comum», pois interpretações unilaterais, e muitas vezes ao arrepio do texto do acordo, já temos que cheguem.

[Post 2992]

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