Relacionado com o que afirmei aqui, eis mais um exemplo de como as antigas designações teimam — mesmo na escrita de profissionais — em persistir. Há quantos anos não há liceus? Há tantos que os dicionários já tiveram tempo de se actualizar e registar que se trata de um vocábulo «antiquado» (como regista o Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora). Pois vejam este exemplo: «Mas a onda que então começou ainda está longe de rebentar. Pedro [Feijó] é hoje presidente da Associação de Estudantes do Liceu Camões e não exclui dar mais um passo: conquistar um assento no Conselho Nacional de Educação, como representante de todos os alunos do Ensino Secundário» («Juventude inquieta», Christiana Martins, Única/Expresso, 30.1.2010, p. 38). E não pensem que foi caso único: ao longo da reportagem, a jornalista escreveu sempre «liceu».
[Post 3169]
3 comentários:
JJLeiria: haveria, sim. Contudo, a contiguidade, como expliquei uma vez, não o recomenda. Podia, ainda assim, usar um estratagem: pôr um travessão.
Pobre das pessoas que já não podem usar as palavras de sua preferência somente porque as demais não a utilizam...
Pela parte que me toca e não falando do (des)acordo ortográfico, sempre foi e será Liceu Camões. Quando lá andei (de 1971 a 1976) entrei num liceu e saí duma escola secundária. Contudo, não só aí há relutância em aderir a novas nomenclaturas. Durante os anos que referi, os estudos secundários estavam divididos em 3 ciclos: o preparatório, o geral e o complementar. Ora, quando alguém saía do ciclo (nome porque era chamado o ciclo preparatório) não dizia que ia para o primeiro ano do liceu (havia quem seguisse para escolas comerciais ou industriais), dizia que ia para o terceiro ano e por aí fora até ao sétimo que, oficialmente, era o segundo ano do curso complementar dos liceus.
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