8.3.10

«Dever de»

Afinal, pode e há quem


      «Sabia o que tinha de fazer, o que devia de ser feito» (The Kitchen Boy: Os Últimos Dias dos Romanov, Robert Alexander. Tradução de Helena Ramos e revisão de Ayala Monteiro. Cruz Quebrada: Casa das Letras, 4.ª ed., 2006, p. 270).
      Já aqui falei uma vez do uso desta construção: deve de + infinitivo, tendo então escrito que a encontramos na obra de Luís de Camões, Fr. Amador Arrais, Camilo e noutros grandes escritores. E citava ainda Vasco Botelho de Amaral e José Neves Henriques, que escreveu uma vez: «O que acontece», acrescentou, «é que o emprego da preposição de está um pouco em desuso, o que leva muita gente a duvidar da correcção de dever de + infinito.» E também escreveu: «Como a construção deve de + infinitivo é mais complexa, talvez os não muito sabedores da Língua Portuguesa a julguem mais própria de quem é culto.»

[Post 3222]

2 comentários:

Paulo Araujo disse...

É muito comum ouvir brasileiros menos cultos (lítotes) usando "deve de", fruto do arcaísmo ainda presente nessa faixa de falantes. Estou certo de que se usá-la em ambiente de pessoas mais cultas vão pensar, e até dizer, que eu estou errado.

Venâncio disse...

Paulo Araújo,

Se ainda não o conhece, posso recomendar-lhe o livro de Carlos Alberto Faraco, Norma Culta Brasileira. Desatando alguns nós (São Paulo, Parábola, 2008).

Explica magnificamente esse tipo de situações.