«— Em breve estaremos no continente europeu — disse. — Não podemos simplesmente dormir sobre os nossos louros» (Viagem ao Fundo de Um Coração, William Boyd. Tradução de Inês Castro e revisão de texto de Maria Aida Moura. Cruz Quebrada: Casa das Letras, 2008, p. 240).
Pois é, mas vê-se também: dormir sob os louros e dormir à sombra dos louros. Esta acepção de louro deriva por metonímia do sentido original. Refere-se, como se sabe, às glórias, aos triunfos alcançados, lembra o Dicionário Houaiss, especialmente nas armas e/ou nas artes. Infelizmente, este dicionário não regista a frase feita (ao contrário, por exemplo, do Michaelis, que regista a última variante). Dormir à sombra dos louros pode ter sofrido contaminação de uma frase feita com um sentido aproximado: dormir à sombra da bananeira. E como à sombra é, parcialmente, sinónimo de sob (Tityre, tu patulae recubans sub tegmine fagi), passou a dormir sob os louros. Em francês diz-se s’endormir sur ses lauriers¸ e em espanhol, dormirse sobre (ou en los) laureles.
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