26.3.10

Frase interrogativa

Discutam no fórum


      Ned dá as boas-vindas ao rei Robert Baratheon, senhor dos Sete Reinos: «— Confio que tenhais apreciado a viagem, Vossa Graça?» (A Guerra dos Tronos, George R. R. Martin. Tradução de Jorge Candeias e revisão de Idalina Morgado. Parede: Saída de Emergência, 3.ª ed., 2009, p. 43).
      Só me pergunto é porque é que aquela frase é interrogativa. Se o tradutor e a revisora também se interrogaram, não chegaram à conclusão a que eu cheguei. Não é a primeira vez que aqui denuncio este erro. Não é raro uma frase interrogativa em língua inglesa não poder ser do mesmo tipo (há quatro tipos: declarativa, interrogativa, imperativa e exclamativa) em português. Nem sequer interrogativa indirecta.

[Post 3276]

2 comentários:

Jorge Candeias disse...

Ora bem, antes de mais tem razão. É muito provável que, hoje, tivesse traduzido essa frase de outra forma, quando mais não fosse para descolar a tradução um pouco mais do original.

Mas já agora explico o que me passou pela cabeça nessa altura.

A questão é que por vezes acontece que, em discurso direto, as pessoas usam frases que não estão construídas de forma interrogativa, mas são *entoadas* interrogativamente. Não conheço nenhuma forma de exprimir este fenómeno que não seja através do acrescento de um ponto de interrogação numa frase em princípio afirmativa. Fica gramaticalmente incorreto? Fica. Mas corresponde a um fenómeno oral existente também na nossa língua? Corresponde.

Portanto parece-me que ao escrever ou traduzir vai ter de se fazer uma escolha entre a correção gramática e a fidelidade à entoação. Nesse caso escohi a entoação. Hoje não a teria escolhido, porque já não me parece assim tão importante manter em português esse tipo de estrutura quando ela surge em inglês -- pelo contrário, em certos casos é errado fazê-lo. Neste caso específico continuo a ter algumas dúvidas mas, como disse a abrir, tendo a dar-lhe razão.

Helder Guégués disse...

Caro Jorge Candeias,
Muito obrigado pelo seu comentário e pela explicação. Contudo, continuo a não concordar.