27.3.10

Indicação das horas

Um nome trocado


      «Eu», escreveu Ferreira Fernandes na edição do dia 22 do Diário de Notícias, «se fosse o secretário de Estado, teria dito: “Senhor presidente, não me chamo João Trocado mas João Torcato da Mata. E, já agora, não sou secretário de Estado, sou ex-secretário de Estado porque não quero comprometer o Governo no que lhe vou dizer: não admito que me fale assim.”» («Há tons que só pedem isto: não!», p. 56).
      Bem, por vezes os jornalistas têm acesso a informação a que o comum cidadão não chega. Não me parece ser este o caso. Em que dados se baseia Ferreira Fernandes para dizer que o secretário de Estado não se chama João Trocado mas João Torcato da Mata? Escrevi aqui no dia 23 sobre a questão. Fui agora ver de novo: é mesmo Trocado e não Torcato.
      Já agora, a propósito de tons: um leitor, talvez jornalista ressabiado, deixou-me um comentário ao texto «Pelo menos a esta hora» (sobre a dicionarização de rifte): «“10.17” é modo de escrever as horas?» Se se for jornalista do Público, não é, pois até o Livro de Estilo desse jornal recomenda: «Há uma norma para escrever as horas. Ex.:12h30 (e não 12.30h, nem 12.30, nem 12h30m, nem 12H30m).» Se se for jornalista do Diário de Notícias, já é. Três exemplos:

  1. «Na primeira vez, perto da 01.30 da madrugada, a PSP foi chamada ao bairro por moradores que reclamavam de desordens nas ruas e intenso ruído provocado por um grupo de perto de 30 jovens, alguns de bairros vizinhos» («Bombeiros querem protecção policial para ir a bairros de Loures», Valentina Marcelino, Diário de Notícias, 22.3.2010, p. 19).

  2. «Os incidentes aconteceram a partir das 16.15, quando chegou a claque portista, com adeptos no tejadilho dos autocarros» («A violência antecedeu o futebol», Carlos Nogueira, Diário de Notícias, 22.3.2010, p. 36).

  3. «É precisamente a banda sonora da saga Guerra das Estrelas, realizada por George Lucas, que virá hoje e amanhã ao Pavilhão Atlântico, em Lisboa, às 21.00, com a digressão Star Wars: in concert, pela mão da Royal Philarmonic [Concert] Orchestra (RPCO)» («A ‘Guerra das Estrelas’ em Lisboa», Alexandre Elias, Diário de Notícias, 22.3.2010, p. 48).
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