«A nova ferramenta deverá estar a funcionar na região de Lisboa e Vale do Tejo até ao final do ano, mas poderá estender-se ao resto do País. Segundo a mesma fonte, houve médicos de saúde pública de várias regiões que já demonstraram vontade de replicar o projecto e deverão fazer as propostas às respectivas Administrações Regionais de Saúde» («Intoxicações alimentares vão ser registadas nos hospitais», Filipa Ambrósio de Sousa, Diário de Notícias, 22.3.2010, p. 17).
Poucos dicionários acolhem a acepção do verbo replicar usada no artigo. E a explicação é simples: nesta acepção é anglicismo. O Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora, por exemplo, não a regista. Dos que a registam, prefiro a definição do Dicionário Priberam da Língua Portuguesa: «Repetir ou repetir-se por reprodução ou multiplicação. = REPRODUZIR.» Para concluir: a jornalista não devia ter usado o vocábulo.
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2 comentários:
Poderia ser influência de Blade Runner? Afinal, há lá os Replicantes...
Não concordo.
A palavra réplica existe há muito tempo em português como sinónimo de cópia. Replicar é, além disso, usado na biologia há também muitos anos como forma de distinguir a reprodução propriamente dita, que em geral não produz cópias perfeitas mas uma combinação das características dos progenitores, da réplica, por exemplo de ADN, que, essa sim, produz cópias perfeitas (à parte uma ou outra mutação). E não me choca que a jornalista estenda o uso da palavra a outros campos. Isso também acontece comummente na língua há muitos anos e só a enriquece, aumentando a quantidade de sinónimos à disposição do utilizador.
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