Escreve-me um leitor: «Escritor de sucesso imparável e irrequieto apresentador de telejornais, disse José Rodrigues dos Santos: “Elizabeth Taylor vai casar.” Não disse quem nem o quê. Nem isso será importante.»
A verdade é que os dicionários já vão apresentando este verbo, casar, não apenas como pronominal, mas também como intransitivo. A eliminação do se, que, neste caso, não é reflexo, como muita gente afirma, mas inerente, vai sendo comum, em parte devido à lei do menor esforço, mas também graças a fenómenos de analogia e cruzamento. De uma maneira geral, os falantes já não estranham a supressão do pronome nestes casos. Aliás, José Rodrigues dos Santos, que disse de facto o que o leitor transcreve, também disse — e até antes — isto: «Elizabeth Taylor vai-se casar pela nona vez.»
Mais: se contrario, sempre que posso, a omissão do se no verbo ir — nunca sancionaria uma frase como esta: «Finalmente, o chefe local que tinha sido o seu principal apoio, Omach, também teve de ir embora com a sua gente.» —, nada faço em relação a casar. Espero que não me comparem agora ao médico que, podendo salvar o doente, deixa a doença seguir o seu curso.
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4 comentários:
estou fã do seu blogg ... obrigada. regina.
... além do assadeira, tenho o rebloggando ....
Caro Helder,
Quando diz que não sanciona a omissão do pronome SE, creio que se refere a IR-SE EMBORA e não a IR auxiliar. Ou não?
A ir-se embora, sim.
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