15.4.10

Sobre «clítoris»

Olha quem fala


      A cineasta Raquel Freire aconselhou no programa Este Tempo, da Antena 1, as mulheres: «E masturbem-se.» Um ouvinte queixou-se ao provedor e este foi ouvir Cristina Ponte, professora na Universidade Nova de Lisboa, que disse: «Ouvindo a intervenção, penso que foi um texto, foi uma apresentação informativa. É um tema, realmente, é um conteúdo do qual não se fala — e até achei graça como nem se sabe como é que se escreve, onde é que é o acento.» Hã? Esqueci-me: Raquel Freire usara a palavra «clítoris», e a professora universitária afirma que «nem se sabe como é que se escreve, onde é que é o acento». Quem é que não sabe? Bem, não é vergonha não saber, mas não fica bem dizê-lo depois de ter tido oportunidade de esclarecer a dúvida.
      O provedor teve o discernimento de esclarecer: «Antes de prosseguirmos, um pequeno esclarecimento de quem não é especialista sobre a acentuação da palavra que está no centro deste problema. Pronunciamos /clitóris/, com acento no o, seguindo o que indica o Dicionário Houaiss de Língua Portuguesa. Mas devo acrescentar que o Grande Dicionário da Língua Portuguesa, da Sociedade de Língua Portuguesa, põe o acento no [primeiro] i, /clítoris/, e que o dicionário da Academia das Ciências de Lisboa aceita que se diga de uma ou de outra forma, como aliás o Houaiss. Todos eles apontam ainda, de resto, uma terceira forma de dizer o mesmo, através da palavra “clitóride”, que dizem ser mais correcta, mas menos usada.» É uma novidade para mim, esta «especialidade» na acentuação da palavra «clítoris». Recomendo a Adelino Gomes um bom curso nesta área: sobre a pronúncia do nome Houaiss.

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