«Em breve estarei a debater-me com o gato para o meter na caixa de transporte, pegarei nos dictafones e sairei de casa, quiçá para sempre» (Memória de Tubarão, Steven Hall. Tradução de José Remelhe e Luís Santos. Queluz de Baixo: Editorial Presença, 2009, p. 93).
«Caixa de transporte», sim, mas há anos que se usa, com vantagem, o vocábulo «transportadora» para designar o mesmo. Contudo, para os dicionários, «transportadora» continua a ser somente a «empresa de transportes» (Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora) ou a «empresa especializada no transporte de carga ou de passageiros» (Dicionário Priberam da Língua Portuguesa).
Quanto a dictafone, é mais um vocábulo obtido por derivação imprópria: quando uma empresa norte-americana inventou um gravador que servia especialmente para ditar a correspondência, deu-lhe o nome comercial de Dictaphone. Posteriormente, outras empresas e outras marcas passaram a usar o vocábulo para designarem aparelhos com as mesmas características. Logo, a definição do Dicionário Priberam da Língua Portuguesa está errada: «Nome registado de um gravador que serve especialmente para ditar a correspondência.» Imagine-se proceder da mesma maneira para a palavra «gilete»: «Nome registado de aparelho de barbear composto, etc.» No Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora, o problema é outro e não menos grave (comum a outros verbetes já aqui analisados): a etimologia do vocábulo é falsa, errada.
[Post 3534]
Sem comentários:
Enviar um comentário