«Tenho visto», escreve-me o leitor Fernando Ferreira, «cada vez com maior frequência, a palavra “cratera” ser usada em vez de “buraco”. Um exemplo recente é este: “Uma cratera gigante está a chamar as atenções para a cidade da Guatemala. O buraco gigante surgiu após a passagem da tempestade tropical Agatha, a primeira da estação ciclónica.” Gostaria de saber se o Helder considera apropriado o uso desta palavra no contexto citado.»
No texto integral, é usado mais o termo «buraco» do que «cratera», mas este é usado no título, julgo que para denotar mais dramatismo. A imprensa anglo-saxónica limita-se a descrevê-lo como um hole, no máximo huge hole ou sinkhole. Quanto à propriedade do uso do vocábulo, porque é essa a pergunta do leitor. Bem, tirando o sentido do próprio étimo, cratera começou por ser somente a abertura por onde saem as matérias expelidas pelos vulcões em actividade. Por extensão de sentido, é também a «abertura no solo produzida pelo rebentamento de um projéctil, bomba ou carga explosiva» (como regista o Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora, mas não o Dicionário Priberam da Língua Portuguesa). Nenhum destes dois dicionários regista, porém, a acepção «grande buraco», usada no artigo do Expresso, que apenas vejo no Dicionário Houaiss. No contexto, eu evitaria usá-la.
De resto, a capital da Guatemala é Cidade da Guatemala e não cidade da Guatemala.
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