30.7.10

Castelhanismos

Imagem daqui.

Tapas e gringos


      «A cidade mais violenta do mundo, actualmente, é Ciudad Juárez (191 homicídios por 100 mil habitantes em 2009). De Juárez aos Estados Unidos são cinco minutos a pé, pela ponte sobre o rio Bravo (ou rio Grande, como lhe chamam os “gringos”)» («A violência no México não passa para os Estados Unidos», Alexandra Lucas Coelho, Público, 29.07.2010, p. 6). «No programa do concurso é também definido que produtos deverão ser “preferencialmente” comercializados em cada um dos espaços: no primeiro chocolates, gelados, crepes, chás e cafés, no segundo saladas, frutas e sumos naturais, no terceiro vinhos, queijos e enchidos, no quarto cervejas e petiscos, no quinto tapas e o sexto tem “tema livre”» («Crepes, frutas, queijos e enchidos chegam à Av. da Liberdade em 2011», Inês Boaventura, Público, 29.07.2010, p. 25).
      Daria que pensar este critério de grafar «gringo» entre aspas e «tapas» sem aspas. Daria, se não se soubesse que nos jornais não há muito tempo para pensar — nem sequer sobre o que se fez de mal na edição da véspera. O primeiro uso do vocábulo gringo na língua portuguesa regista-se ainda no século XIX. Tapa tem entre nós um currículo de uma década. Ambos castelhanismos, ambos registados nos mais vulgares dicionários da língua portuguesa. Levado aos limites, seria precisamente ao contrário: «tapas» com aspas e «gringo» sem aspas.

[Post 3742]

Sem comentários: