No próximo ano, vai realizar-se um novo recenseamento da população. Vejam o que se lia no Correio da Manhã: «Censos pergunta orientação sexual». Aqui também me deve ter escapado alguma coisa. Mas é título, dei o desconto. Contudo, o jornalista, Bernardo Esteves, começa mal: «O Censos do próximo ano vai questionar pela primeira vez os portugueses sobre a sua orientação sexual, e a resposta é obrigatória.» E mais: «É obrigatório responder ao Censos, sendo a recusa punida com pagamento de coima entre 250 a 25 mil euros.» (E eu que pensava que a recusa seria punida com a coima, mas não...) Mas também Paulo Côrte-Real, da ILGA (Intervenção Lésbica, Gay, Bissexual e Transgénero), afirmou que «esta inovação do Censos poderá ser útil». Suspeito, porém, que o jornalista até a mim me poria a dizer estes disparates.
Senhor jornalista, senhora revisora, então «censos» não é um plural? Ou pensam que se trata de vocábulo semelhante a «cosmos»? Parece-me simples: quando, em 1970, se realizaram, pela primeira vez e simultaneamente, os recenseamentos da população e da habitação, o vocábulo «censo» passou a ser usado no plural — «censos». Ora, a alteração exige mudanças na concordância, ou achavam que não? Valha-nos Deus...
[Post 3702]
1 comentário:
Será que o senhor jornalista (e todos quantos propalaram essa meia verdade, no tantã da Internet), além de dar erros de concordância, não terá também outras dificuldades de interpretação ou leitura?
Não é importante saber quantos casados, viúvos, solteiros, unidos de facto há em Portugal? Não interessa saber, também, quantas são as uniões de pessoas do mesmo sexo?
Curiosamente, no questionário experimental, disponível em censos.ine.pt, não consta a figura de "cônjuge do mesmo sexo", mas apenas de "parceiro em união de facto" do mesmo sexo e do sexo oposto, além de outras figuras de parentesco.
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