Até o Dicionário Houaiss regista a acepção pejorativa de «brasileiro» que significa «emigrado, geralmente rico, que retorna do Brasil a Portugal». Como também o faz o Dicionário Priberam da Língua Portuguesa: «Português que residiu no Brasil e que regressou trazendo mais ou menos haveres.» Mas não, oh espanto!, o Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora. Se isto não é andar pouco acordado, não sei que seja. Também a língua castelhana tem algo semelhante: o perulero, que é a pessoa que regressou do Peru a Espanha, e especialmente a endinheirada.
É também preciso consultarmos o Dicionário Priberam da Língua Portuguesa para comprovar que «galego», além do natural ou habitante da Galiza, é, depreciativa e informalmente, o «indivíduo que faz trabalho pesado e intenso» e também, e talvez por isso, o «homem grosseiro, malcriado ou rude», acepções que o politicamente correcto (mas linguisticamente incorrecto) Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora omite. Aqui, porém, os dicionários de galego já não acompanham tanta desfaçatez, e «galego», além da língua gémea da nossa, é somente a «persoa natural ou habitante de Galicia». Nada de masoquismos.
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2 comentários:
Outra definição, outro dicionário: http://estraviz.org/galego
Abraço
Ainda em 1822, no apagar de sua existência de quatorze anos, o Correio Braziliense, editado em Londres por Hipólito José da Costa, precisava fazer um glossário do gentílico brazil-iense, -eiro, -iano para o correto entendimento de seus leitores: “[...] chamamos braziliense o natural do Brasil; brasileiro o português europeu ou o estrangeiro, que lá vai negociar ou estabelecer-se; seguindo o gênio da língua portuguesa, na qual a terminação eiro denota a ocupação; exemplo, sapateiro, o que faz sapato; [...] A terminação em ano também serviria para isto; como por exemplo de Pernambuco, pernambucano; e assim poderíamos dizer brasiliano; mas por via de distinção, desde que começamos a escrever este periódico, limitamos o derivado brasiliano para os indígenas do país, usando do outro braziliense para os estrangeiros e seus descendentes ali nascidos ou estabelecidos e atuais possuidores do país." (Correio Braziliense, vol. XXVIII, nº 165, 2-1822. E se mais precisasse, ainda teria ‘brazílico’ para classificar, usado para designar indígenas ou a 'língua geral', falada no interior do país.
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