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Mais lambras
«Em plena época de incêndios», escreve-me um leitor, «gostaria de o ver tratar no seu blogue de uma questão que me levanta as mais sérias dúvidas: a dos famigerados “meios aéreos”. Todos os dias se lê e ouve dizer coisas do tipo: “O incêndio foi combatido por x bombeiros e y meios aéreos” e isto causa-me erisipela. Será só a mim?»
Não é, pelo menos se essa inflamação for causada pela quantificação dos «meios aéreos». A locução não terá, tenho quase a certeza, nascido da cabeça dos Portugueses: foi importada de França, não já pelo paquete do Havre, mas por moyens aériens. Claro que antes dos aéreos tínhamos somente os moyens de combat, locução referente à guerra. Com o advento da aviação, esses meios passaram a ser também aéreos e não meramente terrestres e navais. A determinada altura, os termos passaram a ser usados, pela similitude, para o combate aos incêndios — e não chamamos aos bombeiros «soldados da paz»? Por um princípio de economia, passámos a referir-nos elipticamente aos «meios aéreos».
[Post 3791]
4 comentários:
Preferia ter visto o autor do blogue contrariar o emprego exagerado da expressão "meios aéreos", no caso do combate a incêndios. Paciência. A justificação do “sucesso” da expressão está, quanto a mim, no jornalismo de matilha, prática corrente das redacções contemporâneas. O que um órgão de comunicação social diz, os outros repetem até à exaustão. Daí ficar pirado quando ouço falar em meios aéreos.
A explicação de Helder Guégués pode andar próxima da realidade, no entanto não justifica que se afirme, como já ouvi, algo do género: "o incêndio está a ser combatido por não sei quantos bombeiros e um meio aéreo", para designar um avião ou um helicóptero.
Não podia estar mais de acordo. Só me custa chamar jornalismo a tal prática.
Ao Sr. Carlos Lacerda: o cerne da questão parece ser o uso de "um meio aéreo, dois meios aéreos, três meios aéreos, etc." para designar, respectivamente, um avião, dois aviões, três aviões (ou helicópteros, mais provavelmente). Ora, pois me obrigo a lhe chamar a atenção para a resposta do próprio Sr. Guégués, que assim começa: "Não é, pelo menos se essa inflamação for causada pela quantificação dos «meios aéreos»."
Já lá estava sua posição sobre a quantificação da expressão. Também a ele causa erisipela um tal uso, ao que parece.
Tem razão o anónimo, precipitei-me no comentário. Na próxima lerei duas vezes o texto.
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