«O homem também desenvolveu novas espécies vegetais como o triticale (pelo cruzamento, há mais de 540 anos, de trigo e centeio, obtendo uma planta mais rústica que o trigo mas mais performante que o centeio) ou as nectarinas, pelo cruzamento entre o pêssego e a ameixa. Fê-lo pelo método tradicional de selecção, introduzindo genes ao azar. Nos organismos geneticamente modificados (OGM), por seu lado, apenas se transfere o gene pretendido, por processo controlado» («Biotecnologia na Agricultura», Gabriela Cruz, Diário de Notícias, 12.08.2010, p. 51).
Se pensam que vou implicar com aquele performante, não se enganam muito — e afirmo mesmo que é uma vergonha que se usem estas palavras. Mas, na verdade, atraiu muito mais a minha atenção a locução ao azar, que não passa da má tradução da locução espanhola al azar.
«Método tradicional de selecção» — por vezes, também numa má tradução, dita selecção randómica, vergonhosa e desnecessariamente decalcado do inglês random selection. Em espanhol é, já terão adivinhado, selección al azar.
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3 comentários:
Essa do "randómico" talha-me o sangue. Infelizmente é muito comum em traduções brasileiras de livros de física. Falam do "movimento randômico do eletrões" a torto e a direito. O que é grave é que esses livros são adoptados em muitas das nossas universidades. O famoso livro de Halliday & Resnick é um bom exemplo. É "randômico" para cá, é "randômico" para lá, entre outras calinadas.
E que tal "escolha aleatória"?
Corrijo o caro Anónimo: se está a falar de livros brasileiros, o mais correto seria que fosse "movimento randômico de elétrons", já que não usamos a forma "eletrão".
E, sim, "randômico" também dói-me n'alma. O mais correto, então, seria que o abolissem. Infelizmente, as pessoas parecem desconhecer o simples "aleatório".
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