A edição de ontem do Diário de Notícias tinha pelo menos mais um espanholismo. Nas páginas 6 e 7, mencionava-se a fortuna conhecida de algumas personagens que ficaram na História. Se, por um lado, fiquei satisfeito por ver que a minha fortuna se aproxima muito, se não a ultrapassa, do património deixado por Lewis Carroll, deixando muito para trás o pobre Karl Marx, por outro, não gostei de ler, também numa má tradução do espanhol, que o explorador polar anglo-irlandês Ernest Shackleton (1874–1922), «após más inversões», «perdeu parte da sua fortuna». Mal traduzido daqui — e sem indicação da fonte. Oh, vergonha! Este jornal costumava ser mais sério.
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1 comentário:
«Inverter» foi usado por «aplicar capitais», como se lê no Dicionário de Torrinha, e daí «inversão de capitais», vozes ultimamente desbancadas por «investir» e «investimento», erro ou impropriedade que entretanto fez lei, como é apanágio de todos os erros desde já não pouco tempo. A este propósito podem consultar-se tratadistas de Economia ou Finanças, posto que não os das últimas fornadas, obviamente por gafados de anglicite. E haja vista por ex. o consignado por Vasco Botelho de Amaral - autoridade justamente citada mais de uma vez neste blogue - sobre «investir» no seu tremendo Dicionário de Dificuldades da Língua Portuguesa: «Não se escreva "investir capitais", pois é anglicismo. Em inglês "to invest", afora o significado de "vestir, ornar, cercar", etc., quer dizer: "empregar capitais, aplicar capitais", ou mais naturalmente: "pôr dinheiro a render".» Hoje em qualquer página de qualquer autor ou publicação, do Nobel ao mais recente nóvel, e do Diário da República à Maria, não se consegue ler uma página sem pelo menos 2 dislates mais ou menos graves, e olhe lá, se não forem mais! - O que só faz que não possamos senão congratular-nos com o seu blogue, do qual se precisa como de pão para a boca.
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