30.10.10

Como se escreve nos jornais

Ai, que susto


     «Chris Meade, do if:Book London, uma organização britânica que explora as potencialidades criativas dos novos média e está ligada ao Institute for The Future of the Book de Nova Iorque, esteve em Lisboa na semana passada e não o vê assim. “Estamos a ser muito duros. O que significa realmente ser dono de um livro impresso, o que é esse sentimento de pertença? Ele não dura para sempre; perdêmo-lo, oferecêmo-lo, deixamos que caia no banho e não o podemos ler mais. Num dos nossos projectos, colocámos uma piada: o Google desliga uma ficha e toda a nossa cultura desaparece. Talvez o grande perigo seja esse: o da perda do digital”, disse» («Ser ou não ser dono de um e-book», Isabel Coutinho, «Ípsilon»/Público, 29.10.2010, p. 42).
      Pois é, Chris Meade tê-lo-á dito, mas não o escreveu com aqueles erros. É, acaso, algum acento diferencial?

[Post 4027]

6 comentários:

Francisco Agarez disse...

Claramente diferencial, diria. A diferença entre escrever bem e mal.

Venâncio disse...

A solução (para não passar vergonhas) é evitar escrever sabemo-lo e semelhantes. Há revisores com a fixação do erro, e que são impiedosos.

Francisco Agarez disse...

Esta não percebi, meu caro Venâncio: o que são revisores coma fixação no erro?

Venâncio disse...

A «fixação no erro», Francisco Agarez, é uma atitude que parte do princípio (cego...) de que o outro só pode escrever marado. Ou, mais sucintamente, parte da ontológica necessidade dum corrector, sem o qual o mundo se desmorona.

Eu, que faço regular revisão de traduções neerlandês-português, sou também - mea culpa - vítima dessa visão tunelar. E tenho que me dar murros para cair na real.

Francisco Agarez disse...

Agradeço o seu esclarecimento, mas não sei como aplicá-lo ao caso em apreço. Afinal o que é errado: escrever sabêmo-lo em vez de sabemo-lo ou chamar a atenção para o dislate? Ou nenhuma das coisas é errada? Ou nada disto é, afinal, importante?

Venâncio disse...

Francisco: chamar a atenção para o dislate (termos seus) é sempre bom. Mas mantenho que, por segurança, evitemos as ocasiões de intervenção de correctores ultrassensíveis.

Eu sei que é um procedimento decepcionante, de tão defensivo, mas é que as vergonhas (mesmo imerecidas) podem marcar uma vida.