«Quem vive nas imediações de imediato escutou o barulho do desastre. “Só ouvi um estrondo enorme. Cheguei cá fora, não me parecia nada e voltei a entrar. Depois ouço muito reboliço lá fora, fui ver e, meu Deus, fiquei sem palavras”, recorda uma vizinha» («Sobreviveu a naufrágio e morreu na estrada», Alfredo Teixeira, Diário de Notícias, 6.10.2010, p. 16).
A vizinha conhece melhor a língua que o jornalista. Claro que o «reboliço» é deste, pois ela terá pensado em «rebuliço». Escutar é ouvir, sim, mas não é um qualquer ouvir — é ouvir prestando atenção. E como é que a vizinha podia estar a escutar, se o acidente, por sua própria natureza, é um acontecimento casual ou inesperado?
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