Então, digam-me lá: qual das duas frases acham que Camilo escreveu — a 1 ou a 2?
1. «— Não case contra vontade de seu pai... Tenha pena dele, que está tão acabadinho...»;
2. «— Não se case contra vontade de seu pai... Tenha pena dele, que está tão acabadinho...»
Claro que quem tiver à mão o 1.º volume das Novelas do Minho de Camilo Castelo Branco, e pode ser a edição que tenho vindo a citar (com fixação do texto e nota preliminar pela Dr.ª Maria Helena Mira Mateus. Lisboa: Parceria A. M. Pereira, 1971), saberá a resposta.
[Post 4141]
7 comentários:
Vou chutar na opção 1.
Não me lembro de como escreveu, nem tenho aqui as «Novelas do Minho» para verificar, mas, de qualquer dessas duas maneiras que fosse, escreveria bem, segundo o povo, que as usa indiferentemente.
Mas o povo é somente uma das muitas fontes e inspirações de Camilo. Não se perde nada em ouvir Mário Barreto («Através do Dicionário e da Gramática»), que o considerava «o mestre dos mestres» (cap. XVIII, p. 107): «Camilo é um dos mais notáveis modeladores da nossa língua na passada centúria. Na sua obra prodigiosa adquire o vocabulário português uma potência e uma vida que nem sequer suspeitávamos. Palavras castiças por ele desenterradas no pó do esquecimento; modos de dizer sumamente pitorescos, tomados na fresca e viva fonte popular, e até vocábulos de calão, gíria, jargão, aravia, “argot” ou geringonça (e por mais que pretendam alguns puristas empertigados e “cultiparlantes”, estas palavras que pertencem à fala da ínfima classe social são tão importantes como as da linguagem mais distinta e palaciana); saborosos provincianos; neologismos audazes, formados segundo as leis da morfologia portuguesa e que não desdizem da índole da língua; exotismos que a lembrança das suas leituras ou a moda do seu tempo lhe fez aceitar, – e de nacionalidades diversas, mas sobretudo os galicismos, os galicismos contra os quais os puristas se atiram como Sant’Iago aos moiros, – tudo isso, para deleite dos seus leitores, usa o grande romancista do séc. XIX, cujos livros são para o lexicógrafo um veio rico a explorar» (p. 104 e 105).
E, a bem dizer, a principal personagem das obras de Camilo não é Mariana, João da Cruz, Simão Botelho, Calisto Elói, Maria Moisés, a brasileira de Prazins ou qualquer outra, mas a própria língua portuguesa.
(Outra coisa, Helder, não consigo aceder aos textos do blogue dos primeiros dias deste mês. Só tenho acesso aos dos dias 12 ou 13 em diante. Parece que já com outros meses sucede o mesmo. Por que será?)
Montexto
Caro Montexto,
Não sabia que o blogue tinha esse problema, que confirmo. Todavia, vejo que, na lista de entradas, estão todos. Pelo menos isso. Esperemos que algum leitor nos possa ajudar. Veja como consegue ter acesso, por exemplo, à primeira deste mês.
No meu anterior comento, «provincianismos», e não «provincianos», obviamente.
Consegui ir ao 1.º dia deste mês, carregando na palavra «primeira» a azul, mas não aos seguintes...
Aliás, como só me chegou à outiva notícia do blogue no último Verão, tenho vindo a percorrê-lo desde o princípio (vou no mês de Março de 2007), e já me aconteceu o mesmo com outros meses.
- Montexto
O mal é também sentido aqui. Não estou a falar de outiva - fui ver e, de facto, não se consegue chegar a todo o arquivo.
Lamento mas não sei a solução!
Se não encontrar solução, vou exportar o blogue para o SAPO.
E... Helder, qual é a resposta para a charada? Frase 1 ou 2?
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