2.11.10

«Esterco do homem»

Outro eufemismo
     

      Ontem vi na RTP1 parte do programa Regresso ao Campo. Um dos entrevistados foi Alfredo Cunhal Sendim («parente afastado de Álvaro Cunhal, do ramo rico da família», disse a voz off), que tem feito um trabalho exemplar na Herdade do Freixo do Meio, com 1900 hectares, sobretudo no que diz respeito à preservação do meio ambiente. Assim, mostrou uma casa de banho seca: os dejectos, que caem para um alçapão em cima de serradura, transformam-se, ao fim de seis meses, depois de um tratamento térmico, em adubo. Lembrei-me de Fr. Gaspar da Cruz: «Até o esterco do homem aproveitam e é comprado por dinheiro, ou a troco de hortaliça, e o levam das casas; de maneira que eles dão dinheiro, ou coisa que o valha, por lhe[s] deixarem limpar as privadas» (Tratado das Coisas da China, Fr. Gaspar da Cruz. Introdução, modernização do texto e notas de Rui Manuel Loureiro. Lisboa: Biblioteca Editores Independentes, 2010, p. 144). E quem é que, actualmente, usaria a palavra «esterco» para designar os dejectos humanos?

[Post 4037]

1 comentário:

Anónimo disse...

Granjeiros e outra gente do campo, a quem o ouvi, não há assim tanto tempo.
- Montexto