9.11.10

Léxico: «sancha», «rapazinho» e «seta»

Intercâmbio


      «A colheita de míscaros, de “rapazinhos” ou outros cogumelos é permitida em todo o parque mas com regras ditadas há já dois anos pelo plano de ordenamento desta área protegida estendida pelos concelhos de Bragança e Vinhais. […] O trabalho de Os Verdes, como é conhecida a equipa, tem sido sobretudo de informar e sensibilizar, até porque muitas pessoas toda a vida apanharam para consumo. E embora ainda encontrem exemplos de más práticas, há também quem já cumpra as regras como Amândio Nascimento. Em duas horas, apanhou “dois ou três quilos” de “sanchas” ou “setas”, embora não soubesse que cada pessoa só pode levar um limite de cinco quilos. O transporte foi feito numa caixa com aberturas — é proibido em baldes ou sacos plásticos que impedem a dispersão dos esporos» («Apanhar cogumelos pode dar multas de 20 mil euros», Diário de Notícias, 9.11.2010, p. 22).
      No Dicionário Priberam da Língua Portuguesa, se pesquisarmos o vocábulo «sancha», nada encontramos. Se consultarmos o verbete «míscaro», podemos ler: «Espécie de cogumelo comestível; sancha.» Bem, têm de resolver a lacuna. Neste mesmo dicionário, no verbete «seta», por seu lado, lemos que se trata de regionalismo trasmontano, ao passo que para o Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora se trata meramente de um regionalismo, sem indicar a região. Seta é o vocábulo mais genérico usado pelos Espanhóis para designar estes fungos comestíveis. O primeiro registo conhecido data do início do século XV, ainda com a grafia xeta. A partir do século XVI, passou a usar-se a grafia actual. Corominas afirma que deriva do vocábulo grego sēptá, «coisas podres», plural neutro de sēptós, «podre, infecto». Já quanto a «míscaro», que passou para o espanhol com a grafia mízcalo no século XVII e nízcalo, no início do século XIX, é de origem galaico-portuguesa, embora alguns estudiosos espanhóis prefiram ignorar e ocultar esse facto.

[Post 4061]

2 comentários:

Franco e Silva disse...

«Lactarius deliciosus» ou SANCHAS (em Chaves), CARDELAS (na região de Mogadouro) ou TELHEIRA (no resto do país).

«Boletus edulis» ou MÍSCAROS.

[«in» Diário de Notícias (Grande Reportagem), 30 de Outubro de 2004]

Franco e Silva disse...

«Cantharellus cibarius» ou RAPAZINHOS (na região de Chaves) e CRISTA-DE-GALO (no Gerês).

[«in» Diário de Notícias (Grande Reportagem), 30 de Outubro de 2004]