«Há nomes que dentro de poucas gerações vão desaparecer em Espanha. A responsabilidade é do Governo do primeiro-ministro José Luis Zapatero e da sua lei para acabar com a cédula familiar (conhecida em Espanha como Livro de Família). […] A lei, cuja entrada em vigor se prevê para 2012, estabelece o fim da prevalência do apelido do pai sobre o da mãe. Os casais que esperam filhos devem indicar qual dos apelidos é atribuído ao bebé e, na falta de acordo entre os pais, prevalecerá a ordem alfabética dos apelidos. Naturalmente, um apelido começado por “A” prevalecerá sobre um outro começado por “P” ou “T”» («‘Zapateros’ ameaçados de extinção», Abel Coelho de Morais, Diário de Notícias, 14.11.2010, p. 33).
Como é que uma característica tão marcante da cultura espanhola vai ser assim mandada às urtigas? E por um motivo futilíssimo: a monomania da igualdade. Por outro lado, claro que é exagero melodramático temer-se que alguns apelidos acabem. Como cá também o nome da mãe pode figurar em último lugar, cada vez estamos mais parecidos: «Como Pedro, há mais 3036 bebés, dos 97 255 registados em 2010, que têm no nome o último apelido da mãe, representando já 3% dos registos. Se somarmos os últimos cinco anos são 22 544 as crianças registadas desta forma. Em Portugal, a escolha da ordem dos apelidos cabe unicamente aos pais, ao contrário de países como a Espanha em que a lei dá preferência ao apelido do pai (ver caixa ao lado). Por cá, a maior prevalência do nome do pai deve-se unicamente à tradição. […] Ainda assim, existem entraves para uma maior dimensão deste fenómeno. “A maior parte das pessoas nem sabe que se pode pôr o nome da mãe em último lugar e por isso nem colocam essa hipótese”, defende a socióloga [Ana Reis Jorge]» («3% dos bebés registados com último nome da mãe», Ana Bela Ferreira, Diário de Notícias, 22.11.2010, p. 12).
[Post 4112]
2 comentários:
Acerca de estranhos fenómenos que ocorrem ultimamente em Espanha, leia-se também o pequeno apontamento de Francisco José Viegas na crónica «Chicuelina & revolera», de 20.11.2010, em linha. Alguma razão há-de assistir a Arturo Pérez-Reverte quando afirma que a Espanha se tem vindo rapidamente a desonrar.
- Montexto
P.S. - «Ne sutor ultra crepidam», sentenciavam os Antigos. Aí tem a Espanha o resultado de infringir tal regra.
- Montexto
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