23.11.10

«Deitar água na fervura»

Acalmar os ânimos


      «Um encontro semelhante sobre as ilhas Curilhas, entre o primeiro-ministro japonês e o presidente russo, Dmitri Medvedev, não teve resultados (ver pág. 35). Para colocar água na fervura, os russos dizem estar interessados em mais comércio com o Japão» («Obama apoia ambições do Japão na ONU», Luís Naves, Diário de Notícias, 14.11.2010, p. 32).
      Se até um jornalista como Luís Naves escreve desta maneira, bem podemos tirar o cavalinho da chuva — é uma causa perdida. Desta vez, nem sequer é confusão com o verbo «pôr», mas com outro. Então, caro Luís Naves, não é deitar água na fervura que se diz? Não é a brincar: vou mesmo emigrar. De longe, isto há-de ser muito divertido.

[Post 4111]

6 comentários:

Anónimo disse...

É o que apetece fazer... E para bem longe.
- Montexto

Francisco Agarez disse...

Pergunto: E as direcções dos jornais, das rádios, das televisões, que fazem (se alguma coisa) para estancar esta calamidade?

Anónimo disse...

Para onde quer que se vão os colegas, desconfio de que encontrarão equivalentes problemas nos jornais locais; só mudarão as línguas.

Anónimo disse...

Que se há-de responder? Que tem razão o sensato leitor. É mais um espelhismo isso de que lá fora é que é ou há-de ser. Ouçamos o bom Sá:
«Determinava-me já
d'andar com minhas ovelhas;
a conta saiu-me má;
mas "tam bem cá como lá,
fadas há", dizem-no as velhas.

Andei d'aquém pera além;
vi já terras e lugares,
tudo seus avessos tem:
o que não espermentares
não cuides que o sabes bem;
e às vezes, quando cuidamos
que esprimentado o já temos,
à cabra-cega jogamos» («Écloga Basto»).

Está tudo nos clássicos, pelo menos tudo o que interessa. Permita-se-me por esta vez, sem exemplo, uma expressão da língua fatal da nossa idade: «Back to the classics!»
- Montexto

Venâncio disse...

Está perdoado por uma vez, Montexto, esse recurso britânico.

Menos condescendência merece, a meu ver, esse seu "espelhismo". Estrangeirice por estrangeirice, prefiro "miragem".

Anónimo disse...

Sim, e também por mais antiga. Não é só na tropa que a antuiguidade é um posto. Embora os nossos contemporâneos bebam mais os ventos pela novidade...
(E todavia parece-me algo expressivo o termo: como que se vislumbram nele jogos de espelhos e negaças... Enfim, há-de ser ilusão ou ... miragem minha.)
- Montexto