O Prof. João Sentieiro, presidente da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), foi o convidado da emissão de 11 do corrente do programa Os Dias do Futuro, na Antena 1. O motivo eram os dez anos da participação portuguesa na Agência Espacial Europeia (ESA). Arrimou-se sempre a um bordão um pouco antiquado: pá. A meio ou no fim de várias frases, lá vinha um «pá». Contei, mas pode ter-me escapado algum, 46. É obra. Deselegante, pelo menos.
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10 comentários:
Ele é o «pá», o «quer dizer», o «é que» empregado à exaustão e em cascata, o «em termos de», o «a nível de», o «efectivamente», o «nomeadamente», o «é assim», o «para além de», o ofensivo «está a perceber», e outras infâmias que de toda a parte acometem o homem de bem mil vezes ao dia.
— Montexto
Dizer "pá" muitas vezes é errado?! Tenha pena, Guegués! A linha que divide o conhecimento das regras ortográficas e gramaticais e a tendência para policiar a forma de falar dos outros aparenta ser finíssima...
Leia melhor, seu anónimo iracundo. Deselegante, escrevi eu. Em menos de dez minutos de conversa, 46 vezes, é algum modelo a seguir?
E, vendo bem, até é um erro, sim, pois usar de tal palavra naquele contexto (abstraindo agora do número de vezes), uma entrevista na rádio, parece-me tão adequado como contar anedotas num velório.
Não fui informado no dia em que a humanidade lhe passou procuração para definir os modelos a seguir em matéria de registo de discurso, seja durante uma entrevista de rádio, seja durante um velório. Sempre presumi que as opções nessa matéria fossem da responsabilidade exclusiva de cada sujeito, mas não sendo assim, queira enviar-me o seu contacto e solicitarei informação sobre como me comportar de cada vez que falar com alguém... Não seja ridículo. O Helder é tão somente um pedante, prescritivo e mal-educado, não só neste post como em diversos outros. Tem uma postura absolutamente lamentável, quando podia aproveitar o vasto conhecimento que tem da língua portuguesa para desenvolver um trabalho construtivo.
Passe bem.
João
Caro João, deixando a educação (ou falta dela) de lado, é preciso dizer que há, sim, na Linguística, a noção de inadequação. Isso já foi objeto de estudos construtivos, sérios, e está à disposição de quem o procurar.
Frise-se que o "erro" aqui não é senão o de escolher mal o registro a ser adotado: para situações formais, registro formal. O uso em si de "pá" ou de qualquer outra gíria é correto e perfeitamente lícito, em contextos adequados e dados a isso. Você tem noção de que ninguém conversa num bar, com amigos, do mesmo modo que conersa com um juiz, ou na rádio, ou na tevê. E, se não tiver essa noção, você é um falante com um sério défice linguístico.
De tudo isto cumpre reter que a insciência e desnorte grassam agora tão fundas e convictas, que para censurar ou repreender alguém em questões de linguagem se usa com todo a suficiência e desplante o termo «prescritivo»!
«Sapienti sat».
— Montexto
Fundo e convictos - leia-se.
Montexto
Aliás: «fundos e convictos» e «toda a suficiência».
Íncrível, como lapsos se insinuam! Valha-me Frei António Taveira.
- Montexto
João,
Você, pá, escolheu um momento basto bera pra informar, pá, o Mundo de que o Guégués é um pedante, e mal-educado, pá.
E porquê? Ora bem, pá. Porque deixa a impressão de que, pá, você acha perfeito que um gajo entrevistado, pá, sobre cenas de Ciência e Tecnologia nos fale, como dizer, pá, de perna traçada, n'é?
Enfim, você esteve, pá, um nadinha out of timing.
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