«Nós tínhamos conseguido», disse o ministro da Administração Interna, Rui Pereira, à Antena 1, «dentro do âmbito do orçamento do próprio ministério, uma quantia de 5 milhões de euros, que foi disponibilizada por um despacho das Finanças, de finais de Setembro, para adquirir material.» Sim, é verdade, é na oralidade, é um improviso, mas, mesmo assim, serve para mostrar como actualmente se abusa do advérbio dentro. Neste caso, avulta a redundância, mas nem sempre é esse o problema. Não é raro ouvir-se, na mesmíssima Antena 1, jornalistas dizerem algo como «dentro da União Europeia». Já não chegam as preposições.
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1 comentário:
No uso de palavras peca-se quase sempre mais por excesso do que por defeito.
Das 4 perguntas que, segundo Orwell («A Política e a Língua Inglesa» no Por Que Escrevo e Outros Ensaios, Antígona), o escritor escrupuloso faz a si próprio a cada frase, recorde-se esta: «posso dizer isto em menos palavras?»
E, das suas 6 regras da escrita, estas 2: «se for possível cortar uma palavra, corte-a»; e «nunca use uma palavra grande quando uma pequena serve».
Mas sobretudo esta, que tanta falta nos faz: nunca usar uma expressão estrangeira, uma palavra científica ou uma palavra de gíria, se se conseguir pensar num equivalente em inglês — no nosso caso, em português — corrente.
— Montexto
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