Quando tratou do vocábulo «olho» na fraseologia portuguesa, Vasco Botelho de Amaral não se lembrou de referir, de passagem e para um fim meramente didáctico, o empréstimo do francês a olho nu (à l’oeil nu), ao contrário de Mário Barreto, que propôs como alternativas «a olhos desarmados» e «com a vista desarmada». Que se vê nos dicionários actuais? Registam, indiferentemente, «a olho nu», explicando que significa sem auxílio de qualquer utensílio óptico, e «à vista desarmada». Muito próxima, esta, portanto, da proposta do filólogo brasileiro. «À vista desarmada» usa-se até mais do que se possa julgar. Muitas outras propostas foram, infelizmente, desprezadas. Por fortuna, já ninguém usa revanche (nem revancha, um pouco, mas muito pouco, melhor), mas ainda se discute, de vez em quando, se avalancha é melhor do que avalanche (mas temos alude), e há quem se lembre sempre de equipe (como Mário Soares) e não de equipa, cabine mas não cabina, etc. Ainda estamos a tempo.
[Post 4228]
1 comentário:
Muito certo.
Emponte-se o «a olho nu» e, já agora, o «de pés nus», que também vai grassando, que vemos bem «à vista desarmada» e costumamos caminhar «descalços».
- Montexto
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