1.12.10

Símbolos

Cultura científica moribunda


      «Sem se aperceberem, os peões confiam no barulho que os carros tradicionais fazem para calcular a distância a que os mesmos estão. Principalmente os invisuais e os seus cães-guia. Logo, o barulho é essencial. Quando os veículos eléctricos e híbridos circulam a uma velocidade elevada ouvem-se bem pelos pneus e pela estrada. Mas quando a velocidade ronda os 50 kms a história é diferente e vão ser precisos aparelhos electrónicos nos novos carros que substituam o barulho» («O silêncio nem sempre é de ouro», Emma Forrest, Metro, 30.11.2010, p. 21).
      Este erro já passou por aqui. Como é que uma publicação com revisão apresenta erros tão básicos? Os símbolos não têm plural, cara Catarina Poderoso, revisora do Metro. Outros erros muitos comuns é kilómetro em vez de quilómetro; Kg em vez de kg; gr. em vez de g; mt. em vez de m; etc. Não passa muito pela imprensa, mas noutro tipo de publicações também se vê, por exemplo, sen α em vez de sin α e outras incorrecções.

[Post 4146]

4 comentários:

Anónimo disse...

Bastante triste, essa questão. Mas me chamou a atenção o termo "invisuais". Nunca antes eu o lera ou ouvira. Estarrece-me a capacidade humana de criar eufemismos "politicamente corretos".

Anónimo disse...

Quanto à questão do seno, estou em desacordo consigo. Nos livros de matemática por onde estudei e nas diversas cadeiras de matemática que tive durante o curso, a esmagadora maioria dos meus professores escreviam "sen". Lembro-me apenas de dois professores que escreviam "sin" e ambos tinham estudado lá fora. Não me lembro sequer de ter consultado um livro de matemática escrito em Português de Portugal que usasse "sin" e não "sen", nem a nível do ensino secundário, nem a nível superior.

Anónimo disse...

Mais grave do que escrever kms em vez de km é atribuir uma unidade de posição (km) a uma velocidade. O correcto seria 50 km/h.

Fernando Ferreira

Anónimo disse...

Ao anónimo sobre a questão do «sen» ou «sin»: tem razão quando diz que a esmagadora maioria dos textos portugueses, tanto no ensino secundário como no ensino superior, usa «sen», não «sin». Mas daí não se pode concluir que essa seja a forma correcta. (Se a razão estivesse sempre do lado das maiorias, os nossos dirigentes políticos seriam outros, e não estaríamos no estado miserável em que nos encontramos.) De acordo com a norma portuguesa NP 2626-101 do Instituto Português da Qualidade, a notação correcta é mesmo «sin» (e já lá vão mais de 20 anos desde a primeira edição desta norma). É evidente que a maioria dos autores ignora este facto. Felizmente, a situação está a mudar, se bem que de forma muito lenta. Dou apenas dois exemplos de textos didácticos recentes que já usam «sin»: "Análise Complexa", de Natália Bebiano da Providencia (Gradiva, 2009) e "Mecânica Quântica" de Filipe Duarte Santos, António Amorim e João Batista (Fundação Calouste Gulbenkian, 2008). É uma questão de tempo. Sejamos pacientes.

Fernando Ferreira