«As sete colinas definem os conceitos. Cada um deles é alusivo a um elemento característico de Lisboa: o eléctrico, o candeeiro verde, a Ponte 25 de Abril, a sardinha, o Santo António, a guitarra portuguesa e o beirado das janelas. A partir daí, nascem os graus de separação deste hostel com vista privilegiada sobre o rio; os pisos estão divididos entre os dos Santos Populares, o das comidas tradicionais, o dos bairros típicos e o dos fadistas» («Sete colinas num ‘hostel’ lisboeta», Davide Pinheiro, Diário de Notícias, 18.01.2011, p. 52).
Apesar de estar no título, o jornalista nunca explicou o conceito de «hostel», como se fosse familiar aos leitores. Etimologicamente, deriva de hospitalis, tal como «hospital», «hostal», «hotel», «hostería»... Aqui explica-se o conceito.
[Post 4332]
13 comentários:
Duvido muito da necessidade disso. Equivalentes é que não devem faltar em vernáculo. Basta ir aqui ao lado ao «Michaelis». Não foi decerto só agora que se precisou de traduzir a coisa...
- Montexto
Semelhantemente a motel, um empréstimo que ficará:
"hos.tel [ingl.] s.m.(o) Alojamento básico ou pequeno hotel, muito simples e de diária barata, que não oferece nem refeições nem enxoval, destinado princ. a jovens viajantes. * Pl.: hostels. * Pronuncia-se róstel." Sacconi, 2010.
Uma evolução modernosa de alberque, hospedaria, pensão, ou mesmo, estalagem.
corrigindo: albergue.
Recordo declarações de Paulo Mendo, então Ministro da Saúde, que se referia a "hostel", sublinhando que era neologismo, quando falava da necessidade de instalações hoteleiras próximas do hospital (hos[pital+ho]tel) destinadas a acolher doentes e familiares em estadias breves.
Claro que ficará.
Daqui em diante naquilo que só por inércia ainda se chama português tudo quanto for empréstimo, desvio ou roubo, maiormente de proveniência bife ou camone, directa ou indirecta, pegará de estaca, espancará, escorraçará e substituirá a forma legítma, cujos respectivos utentes ou falantes padecem de um novo tipo de síndrome de imunodeficiência.
Eu é que continuo a duvidar da necessidade de isto ter de ser necessariamente assim. Parece-me que podia ser bem diferente. Enfim, mais uma excentricidade cá minha!...
- Montexto
"bife" vem de "beef" ?
"camone" vem de "come on"?
Exactamente, caro Paulo Araujo.
Já agora, para aumentar a cultura geral do Paulo Araujo, que do outro lado do Atlântico provavelmente não tem dela conhecimento, acrescente-se a expressão «puta crime» (de «put a cream»), usada pelo bem conhecido Zezé Camarinha nos seus contactos com as bifes no Algarve.
(Porque um pouco de humor também é preciso.)
E depois? Fico fulminado, e nunca mais volto a ser o mesmo, depois dessas vossas pertinentes, percucintes, irrefutáveis e esmagadoras réplicas. Sim senhor! Verdadeiramente,«touché»!
Mas um dos meus personagens preferidos sempre foi D. Quixote, que, mais do que castelhano, sempre me pareceu português; e sei perfeitamente que tudo quanto seja defender ou sequer lembrar as formas portuguesas de designar coisas, em confronto com as concorrentes forasteiras, que hoje em dia para ouvidos portuguesas o mesmo é dizer bifes ou camones, pura e simplesmente não passa de «language's labour's lost» ou - já que o Sr. Paulo Araújo desadora estas formas «alienígenas» de dizer (honra lhe seja), mas, ai! não outras - ou canseiras de linguagem baldadas.
A coisa porém chegou a tal extremo que só resta aproveitar o espectáculo e aguardar, se possível com mais serenidade do que no poema de Cavafis, a bárbárie total.
- Montexto
Pois é! não parece bom português, tanto quanto hostel!
«percuciente» e «barbárie».
- Mont.
"Touché"!
«Às vezes cuidamos que até os aprendizes de gramática devem conhecer certas propriedades da nossa língua; mas que sai errada esta pressuposição dão-nos a vê-lo certas páginas dos nossos dias, que nos mostram com o próprio exemplo que podem ignorá-las tanto o estudantezinho imberbe como quem se arvorou em repreensor e mestre»: assim falou Mário Barreto, «Através do Dicionário e da Gramática», 1986, p. 281.
Como nestas matérias hoje em dia tudo é possível, por causa das dúvidas vá-se lá explicando que uma coisa é usar uma palavra ou frase estrangeira mais ou menos consabida, entre aspas, em itálico ou com qualquer outro sinal significativo do seu cariz estrangeiro e de como tal ser empregada deliberadamente e nessa convicção; outra, muito diferente, é usar essa mesma palavra ou locução, ou qualquer outra igualmente forasteira, sem mostra alguma da sua estranheza, concedendo-lhe direitos de cidade e encampando-a como qualquer outra da língua em que assim se vai insinuando e infiltrando como se nada fosse, usurpando o lugar e função das legítimas. E propriamte só esta última merece censura por induzir os incautos ao tal engano de alma ledo e cego de que, servindo-se dela, estão a servir-se do seu, e não do alheio e em prejuízo do seu.
Ou seja, mais uma vez a basezinha.
- Montexto
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