18.2.11

Estrangeirismos

Caladinho

      Natália Carvalho, da Antena 1, foi ouvir o eurodeputado Paulo Rangel, esse grande orador: «Ainda em Dezembro ouvimos falar de 40 ou 50 medidas para o crescimento, e a verdade é que ninguém tem o seguimento, o follow-up do que aconteceu.»
      Isto não é incomum (mas é extraordinário): o falante usa uma palavra portuguesa, mas logo de seguida recorre a um anglicismo (os galicismos são coisa do passado) para dizer o mesmo. Salvo melhor opinião, isto é completamente tonto. Se fosse ao contrário, ainda se entendia. O melhor (ou o pior, de outra perspectiva) foi que o eurodeputado pronunciou malissimamente a palavra inglesa. Não saiu, como devia, \ˈfä-lō-ˌəp\, mas com o u a soar ó. Horror! Poderão objectar-me: foi um lapso. Poderá ter sido, mas isso só prova que não deveria falar numa língua que não domina. Oiça.

[Post 4457]

3 comentários:

Bic Laranja disse...

Uma das 50 medidas para o crescimento é pensar assim. O discurso é só a verbalização do pensar. O Português já não chega para transmitir as ideias. Vamos no bom caminho.
Cumpts.

Anónimo disse...

Só faço votos por que saiba mais do que deve à governação, se lá chegar, do que demonstra saber que deve à língua e a si próprio.
- Montexto

Venâncio disse...

Há tempos, havia um anúncio, na TV portuguesa, de certa marca de automóvel, em que a locutora teria de dizer (até se via escrito) o 'oneliner' Feel the difference. E dizia. Só que pronunciava com i breve (ou e fechado), o que soava como Fill the difference. Foi substituída (não sei se por isso) um senhor que pronuncia devidamente.