«Os primeiros confrontos começaram horas antes, pouco depois do meio-dia, quando centenas de apoiantes de Mubarak, mobilizados por sms, começaram a invadir as periferias da praça. Muitos empunhavam fotografias do Presidente, alguns agitavam a bandeira egípcia, mas todos tinham um só objectivo: tentar chegar à praça pelo acesso junto ao Museu Egípcio, onde o exército mantém vários tanques de guerra com uma guarnição mínima de militares» («Ódio entre rivais semeia o caos», Alfredo Leite, Diário de Notícias, 3.02.2011, p. 4).
Os jornais estão a deixar de grafar as siglas em maiúsculas, como é de regra: SMS.
É este um tempo de siglas, de acrónimos, de estrangeirismos — mas, pelo menos, que se escrevam correctamente. Lembremos o que escreveu Agostinho de Campos: «Anglo-saxões passam por muito práticos, Franceses por muito espertos; e certos portuguesinhos valentes têm um fraco fortíssimo por esta supergente diante dela e desatam a copiar com veneração e humildade quanto ela faz e diz, principalmente o que diz, que é o mais fácil de imitar, como bem se vê pela observação da fala de criancinhas e papagaios» («Doenças da língua: a simplificação complicada», in Língua e Má Língua. Lisboa: Livraria Bertrand, 1944, pp. 293-94).
[Post 4391]
4 comentários:
Palavras de 1944. Infelizmente, não podemos dizer «quantum mutatus ab illo!»
Mas eu de positivo retenho isto: o jornalista escreveu «acesso», e não «acessibilidade» (que concitou até a indignação do venerável José Hermano Saraiva num dos seus programas televisivos)! Já é alguma coisa...
- Montexto
De facto, a frase da citação está tão atual que parece que descobrimos finalmente quem é Montexto! É Agostinho de Campos (1870-1944) reencarnado! Nada mudou! Nada há de mudar! Os portugueses são mesmo assim - nada a fazer!
[N.B. Já não uso o hífen em "re-e...", mas isso sou eu que vou mudando com o tempo, apesar da minha idade]
@ Montexto
"Rodriguinhos de linguagem". Foi num programa em Bragança ou em Mirandela.
Cumpts.
Agora que já sabeis quem eu seja, só falta descobrir quem é o R.A. Está aberto o concurso, mas a mim não me engana: temos aí o perfeito espécime, sempre tão vivaz, do tal portuguesinho valente por mim reiteradamente espancado na minha anterior metempsicose. Até noutros tempos de maior escassez de novos motivos de escândalo do que os presentes pude contar com ele para ir exercitando a indignação e bengalada do homem de bem: nunca me falta, honra lhe seja.
- Montexto
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