28.3.11

Como se fala na rádio

Problema mal resolvido

      «A Covilhã, no distrito de Castelo Branco, situa-se na vertente oriental da serra da Estrela, bem no sopé desta cadeia montanhosa. Desde tempos imemoriais que a localização da Covilhã, na Cova da Beira, muito rica em pastos, fez desta terra um local prazenteiro para a criação de gado ovino e transformou-a em terra de muita lã. A Covilhã chegou mesmo a ser o maior pólo da indústria têxtil no País. E é precisamente ligado à lã que se diz ter nascido o nome “Covilhã” enquanto “covil da lã”. Mas na lenda da Covilhã a história que se conta é outra. Reza a tradição oral que o governador de Ceuta, Julião de seu nome, enfurecido pelo facto de a sua bela filha se ter apaixonado por um rei godo, e com ele ter fugido, querendo vingar-se dos Godos, ter-se-á aliado aos Mouros e permitido que estes passassem pela zona e por ali permanecessem. Conta-se ainda que, quando o rei godo morreu, numa batalha contra os ditos Mouros, a filha de Julião ter-se-á refugiado no local que ficou conhecido como a Cova de Juliana. Juliana por esta ser filha de Julião. E a Cova de Juliana deu mais tarde lugar à agregação “Covaliana” e de “Covaliana” nasceu “Covilhã”» (Mafalda Lopes da Costa, Lugares Comuns, Antena 1, 25.03.2011).
      O que faz mais espécie é certamente «o nome “Covilhã” enquanto “covil da lã”». Mas há mais. E aquele «enfurecido pelo facto de»? É outra maldição dos tempos modernos. O mais censurável, contudo, é a «agregação». Então agora é este nome que se lhe dá?

[Post 4627]

Nota para os leitores adventícios: o título deste texto vem daqui.

5 comentários:

Anónimo disse...

Ah! a menina da rádio...
— Montexto

Anónimo disse...

COMO SE FALA NO MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E ARREDORES
Diário de Notícias, 29.03.2011, em linha: «“De facto, os alunos de meios socialmente menos favorecidos são considerados no estudo especialmente resilientes, e este conceito de resiliência tem a ver com a constatação de que há muitos alunos que à partida tendo uma origem social menos vantajosa do que outros revelam resultados nos níveis mais positivos”, sublinhou [a ministra da Educação]. O representante português no comité do PISA, Pinto Ferreira, também destacou que “a escola portuguesa, para além de ter melhorado em termos de qualidade, melhorou substancialmente em termos de equidade”. “Estão a diminuir as diferenças entre os alunos com melhores desempenhos e os alunos com piores desempenhos, o que é muito importante”, garantiu.»
(Porque os com piores desempenhos melhoraram, ou porque os com melhores desempenhos pioraram? Deixai lá, não faz diferença.)
Ah, cada sacholada, sua minhoca!
— Mont.

Anónimo disse...

COMO INTITULAM OS SEUS FILMES OS NOSSOS CINEASTAS
«O ano passado, Jorge Silva Melo fez com ele o filme Ângelo de Sousa. Tudo o que sou capaz» (no blogue Da Literatura, 29.03.2011).
— Montexto

Bic Laranja disse...

E eu a cuidar que a resiliência era a capacidade dum elástico encolher depois de esticado. Ele há cada pastilha!...
Cumpts.

Bic Laranja disse...

Agregar, pois. Deve ser da formação clássica. Em Grego.
Cumpts.