Mais vacilações
«Uma sequência de três pátios e um espelho de água — será assim a nova entrada para os palácios do Alhambra, em Granada, Espanha, desenhada pelo arquitecto português Álvaro Siza e pelo espanhol Juan Domingo Santos, vencedores do concurso de ideias para o local que na época alta chega a receber oito mil visitantes por dia» («Álvaro Siza vai construir a Porta Nova de acesso aos palácios do Alhambra», Alexandra Prado Coelho, Público, «P2»/Público, 2.03.2011, p. 8).
Aqui também há vacilações, mas se em espanhol é do género feminino e se Rebelo Gonçalves, no Vocabulário da Língua Portuguesa, regista apenas a forma Alambra e o género feminino, talvez devamos ir atrás.
[Post 4508]
7 comentários:
Com efeito, a forma «Alhambra» em português faria supor «Allambra» em castelhano, língua em que é «Alhambra», soando mais ou menos «Alambra». Portanto, receio que Rebelo Gonçalves tenha razão, mas também que a custo se inverterá a preferência do género masculino e com «lh». «Os Contos do Alhambra», assim com este título, mais arreigam a irregularidade...
— Montexto
Em castelhano pronuncia-se "Alambra", de facto. Mas vai ser complicada a batalha pelo género feminino, se mesmo em Espanha as pessoas dizem com frequência "el Alhambra".
Pelo género feminino vale sempre a pena quebrar uma lança, ou mais, mormente agora que pelo visto a modernidade lhe baixou a procura. Até nisto somos pouco modernos...
— Mont.
"Transformando em alhambras nossa tendas," - Metáfora usada pelo poeta Raul de Leoni; Imaginação [Luz Mediterrânea], c. 1915.
A transliteração da etimologia "ár. al-hamrâ 'a (cidade) vermelha', 'o (palácio) vermelho'", induziu à fonética do nosso 'lh', 'molhando o l', como aprendi. Quanto ao último comentário de Montexto, amém, para nós antiquados.
'Nossas tendas', claro.
Acabou agora mesmo no Canal História, 05.03.2011, 15 h, um programa sobre o palácio, em que se lhe chamou sempre «a Alhambra»: «assim mesmo», no feminino, mas pronunciando o «l» molhado, «lh». Vá-se insistindo, que talvez ainda se chegue à forma completamente canónica.
— Mont.
Acabo de voltar de um sebo onde pude folhear rapidamente o "Dicionário de Questões Vernáculas" de Napoleão Mendes de Almeida. O respeitável gramático defende a forma "Alambra" e justifica: que, tendo a palavra vindo do árabe "al-hamrâ", a divisão silábica deveria ser al-ham-bra; e com isso o "h" cairia em português; quer era erro pronunciar a-lham-bra. Sua explicação, claro, não era tão rasa assim, mas fica-lhe aí o cerne. Em sua opinião, portanto, não se deve "molhar" o "l" como ensinaram ao Paulo Araujo.
É pena que não possa dar aqui suas palavras exatas; o sebo era careiro demais.
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