13.3.11

«Grilo realista»

Imagem tirada daqui

Realmente

      «Para que pudesse render, efectivamente, os cinco centavos, o bicho tinha de apresentar dois rabos e uma lista dourada junto à cabeça, sendo estes os indicadores de que se tratava de um “realista”. Designação dada aos melhores cantores — os machos de grilo silvestre» («Já não se ouve o cantar dos grilos no campo», Roberto Dores, Diário de Notícias, 13.03.2011, p. 58).
      Claro que os dicionários mais modernos já não registam a acepção do vocábulo. O Grande Dicionário da Língua Portuguesa coordenado por José Pedro Machado regista-o: «Realista, adj. Prov. alent. Diz-se em Portel e noutros pontos do Alentejo do grilo muito cantador, a que também chamam cantarrista.» De qualquer maneira, não tarda nem os próprios grilos existirão. «Aliás, nos anos 40 e 50 do século 20, o grilo conquistou a simpatia entre os maiores centros urbanos portugueses, passando mesmo a ser moda colocar uma pequena gaiola com este insecto nas janelas do centro de Lisboa. Não faltavam clientes que corriam à Praça da Figueira ou à Rua do Arsenal para garantirem a compra de um insecto por cinco tostões, acabadinho de chegar dos campos do Alentejo, via autocarro da carreira. O serviço era gratuito, viajando os grilos no interior de canas, até às mãos dos vendedores, que os aguardavam na capital» (idem, ibidem). 
      Viajavam em canas ou em gaiolas feitas de cana (como a da imagem)? É que é diferente. (E repararam no «século 20»? Pensava que só se escrevia assim no Record e no Brasil.)

[Post 4558]

2 comentários:

Anónimo disse...

Ou seja, iam mas era de cana...
— Montexto

Bic Laranja disse...

E eu pensava que o transporte de e para a província era na (e não "via") camioneta da carreira, não sendo de comboio, claro. Autocarros era coisa só da cidade.