Perdulária
«No Financial Times de sábado, alguém comparava os terramotos no Japão com o de Lisboa, de 1755. A lição era que Lisboa sofreu e pagou muito mais, em pessoas e dinheiro» («As marés pretas», Miguel Esteves Cardoso, Público, 15.03.2011, p. 31).
O P. António Vieira, que Miguel Esteves Cardoso leu, empregou também terramoto. A 5.ª edição do Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa da ABL — oh vergonha! — esqueceu-se de registar esta variante. Vejam a riqueza da nossa língua: terremoto, terramoto, terromoto, sismo, abalo sísmico, tremor de terra... Sim, excessiva, bastava um. Curiosamente, talvez o último, «tremor de terra», seja tão pouco português como «sismo», pois vem do francês tremblement de terre. Na escrita não sei, mas na oralidade quase de certeza «terramoto» é o mais frequente.
[Post 4567]
9 comentários:
Generosa.
— Montexto
Sempre. Mas perdulária neste ponto.
O facto de lá (no vocabulário brasileiro) encontrarmos "facto" é tão subtil como lá estar "subtil". E tão pouco subtil como lá não encontrarmos "húmido". Horizontes...
Cumpts.
Quanto mais opções, tanto melhor.
A ausência de 'terramoto', que embora dicionarizada não é usual na fala nem na escrita da nossa variante, é erro, pois, lá estão 'terramotada' e 'terramotar', que eu e outros 194 milhões desconhecemos; 'facto' não se justifica, suas derivações, sim; 'subtil' está dicionarizado, sem marcação diatópica, nunca vi ser usada, mas talvez seja; quanto a 'húmido', se lá estivesse estaria em lugar errado, aqui não se usa, nossa umidade deve ser menos molhada.
Há terramotada e terramotar? Se o Paulo Araújo mais os 194 milhões que diz as dizem quem sou eu, portuguesinho, para não parabenizá-lo.
Cumpts.
Pelo contrário, caro Bic: entende-se perfeitamente bem que o sr. Paulo Araujo e os demais 194 milhões de brasileiros as desconhecem. Basta reler com mais cuidado.
Se o Paulo Araújo mais os futuros mais de 194 milhões que diz as disserem, nesse caso.
Parabéns ao Português a granel. Enfim!...
Cumpts.
Ah, sim. Assim, sim.
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