7.3.11

Topónimos aportuguesados

Sem receio

      O Diário de Notícias prossegue o seu bom princípio de aportuguesar os topónimos estrangeiros.
      «Fundador de um dos principais partidos do seu país, o Congresso do Nepal (CP), Krishna Prasad Bhattarai morreu sexta-feira aos 87 anos num hospital de Catmandu, vítima de infecções múltiplas» («O ‘Gandhi do Nepal’ que era um monárquico intransigente», A. C. M., Diário de Notícias, 6.03.2011, p. 55).
      «Há cem anos, de regresso de uma visita à Irlanda, o rei Jorge V recordava a “recepção calorosa e entusiástica” que recebera no castelo de Dublim. E prometia regressar. Mas nunca o fez» («Isabel II visita Dublim em Maio para sarar feridas com a Irlanda», Helena Tecedeiro, Diário de Notícias, 6.03.2011, p. 32).
      «Os vencedores vão agora a Dusseldórfia (Alemanha), no dia 14 de Maio. Para chegar ao apuramento do vencedor foi decidida uma forma de eleição através de um método conjunto em que 50% estavam consignados ao televoto e os outros 50% à escolha das 20 delegações distritais» («‘A luta é uma alegria’ ganha Festival da Canção», Carla Bernardino, Diário de Notícias, 6.03.2011, p. 65).

[Post 4535]

2 comentários:

Anónimo disse...

Se uns aportuguesam, outros inglesam: «Se as pessoas querem escrever num fórum público, têm de perceber duas coisas: Primeira: fazer uma mijinha de ódio “via” ‘caralho’ e ‘filhos da puta’ é giro e tal, mas cansa um bocado. Segunda: a gramática não é opcional. É mandatory».
Lê-se este primor no blogue «Clube das Repúblicas Mortas», da tecla de Henrique Raposo, 04.III.2011.
«Assim mesmo», mandatory, em redondo e sem aspas. Já um amigo me tinha noticiado que ouvira a coisa a empregados de aeroportos — portugueses. É assim que começam.
Conste pois aos escrevinhadores de blogues que para escreverem num fórum público deviam perceber mais do que aquelas duas coisas, mas, para já, não seria mau que começassem por assimilar a segunda, que eles próprios aconselham.
— Montexto

Anónimo disse...

«Tratava-se de uma academia de geógrafos a que se escapava com dificuldade; miudezas de paisagem, recordações de monumentos, aspectos de botânica geral, caminhos pelo meio da serra — de certa maneira era uma sabatina sobre coisas do Minho, um repositório de apontamentos retirados ao ‘Minho Pittoresco’, de José Augusto Vieira (de cujo primeiro tomo, de 1886, se conservavam duas cópias — uma em Ponte de Lima; outra, a que agora está em Moledo, nas estantes da velha casa portuense onde o velho Doutor Homem, meu pai, o mandara repousar convenientemente)» (crónica de Ant.º Sousa Homem, 06.III.2011, em linha).
É do melhor que se vai escrevendo por aí.
Ainda assim, alguém reparou naquilo de «... de cujo primeiro tomo...»? Pois é mais uma das regras que «me ensinaram», e eu, como menino atento e reportado, aprendi e por enquanto ainda não esqueci: «Meninos, atenção: “cujo” não se usa em sentido partitivo»; portanto melhor se diria: «... do primeiro tomo do qual...»
Quem não aprendeu ou já esqueceu, ouça o «grande, exímio e inesquecível» Epifânio (conceito de Mário Barreto), na sua Sintaxe Portuguesa Histórica, livro de cabeceira de quem cure da parte essencial da língua: «Observação a este § [94]. É erro grosseiro empregar “cujo” em sentido partitivo e dizer, v. g.: “símbolos cujos principais são os seguintes” (em vez de: “dos quais os pr.” ou “os principais dos quais”.» Ah! a escolinha, a escolinha...
— Montexto