21.3.11

Tradução: «gangway»

Todos a bordo

      «— Anda por aí — informou Filipe. — Creio que em breve estaremos a navegar. Repara, estão a retirar as pontes. Vamos já partir!» (A Aventura no Barco, Enid Blyton. Tradução de Maria Helena Mendes. Lisboa: Editora Meridiano, Limitada, 1969, p. 21). «Os garotos riram-se ao ver um rapaz alto e desengonçado subir a prancha» (idem, ibidem, p. 42).
      Tanto num caso como no outro, no original foi empregada a mesma palavra: gangway. Aliás, até já vi este termo ser traduzido de outra forma: escada do costado (como se lê em A História do Mundo em 10 Capítulos e ½, Julian Barnes. Tradução de José Vieira de Lima. Lisboa: Quetzal, 1990). Agora a questão é: são sinónimas estas três formas, ponte, prancha e escada do costado, de traduzir o vocábulo inglês? Paulo Araujo, o nosso homem da Marinha, poderá dar uma achega. E podemos complicar se indagarmos da forma de traduzir as expressões inglesas quarter ladder ou stern ladder.

[Post 4594]

4 comentários:

Anónimo disse...

Nos cacilheiros dá-se o nome de lambreta.

Anónimo disse...

«escada do costado» diz o Michaelis aqui ao lado, e também passadiço. A mim, para o efeito, servia-me qualquer. Também não é nariz de santo.
— Montexto

Paulo Araujo disse...

Para 'passadiço' dou a definição do Houaiss, a melhor que conheço:
"MAR convés na parte superior da superestrutura de um navio, logo abaixo do tijupá, disposto transversalmente, de onde o comandante dirige a manobra e onde permanece o oficial de serviço em viagem (oficial de quarto) [Erroneamente chamado de 'ponte' pelos leigos, por tradução literal do inglês bridge.]". Ponte é nome usado na Marinha Mercante. Quanto à escada de costado, aqui chamada 'escada de portaló', é posta paralelamente ao costado; o degrau superior é chamado 'patim superior' e o inferior tem denominação semelhante, sendo ambos maiores que os degraus-tipo; esta é a gangway ladder. A prancha é disposta transversalmente ao navio e ao cais; não tem degraus, é reta ou ligeiramente curva e possui balaústres; foi usada nos séculos da pirataria, em alto-mar, como plataforma de execução de amotinados, fazendo-os caminhar de costas com uma espada encostada no peito. Ao cair n'água, jogava-se-lhe a 'tábua de salvação', pois afinal ninguém queria matá-lo, apenas puni-lo. Não sei se em Portugal se usam as mesmas definições.

Paulo Araujo disse...

Quanto às traduções, não conheço as expressões em inglês, literalmente 'escada da popa' e 'escada a meia-nau' e devem designar, em grandes navios, a posição em que se situam, mas não deixam de ser pranchas ou escadas semelhantes à de portaló.